Lista de Furnas: Monteiro diz que autenticidade prova sua verdade

Em entrevista exclusiva, Nilton Monteiro diz que a comprovação da autenticidade da lista mostra que ele estava falando a verdade e que vai processar todos que o chamaram de mentiroso. Monteiro diz que estava esperando o momento mais oportuno

O senhor é filiado a algum partido?
Sou filiado ao PTB de Vila Velha desde 2001. Não tenho vínculo nenhum, nunca participei de convenção. Simpatizei-me e filiei.

Desde quando e de onde o senhor conheceu Dimas Toledo?
Conheci o Dimas em outubro de 2004, nosso primeiro encontro foi num restaurante, depois estreitamos nossa relação, eu tinha o telefone da residência dele e o celular. Hoje ele não me conhece e nunca me viu. Quando houve a coligação do PT com o PTB, o cargo do Dimas ficou com o PTB, foi um acordo entre os dois partidos. Esse cargo do Dimas era muito cobiçado porque envolvia muitos recursos, uma vez que muitas empresas já tinham sido privatizadas. Começaram a articular, houve uma pressão do Aécio (governador de Minas Aécio Neves) e do Itamar (PMDB) para ele continuar. Se ele saísse de Furnas toda uma estrutura acabaria. Dimas também participava do esquema, era um operador. E é aí que eu entro nessa história. E comecei a fazer o trabalho, notas frias, envolvendo a JP Engenharia, entre fornecedores, empreiteiras, no ano de 2004.

Que tipo de pressão o Aécio Neves fez e qual o interesse?
Pressão para a lista não ser divulgada, para que o Dimas continuasse no cargo de diretor de Furnas e o esquema (do caixa 2) continuasse.

Para quem deveriam ser entregues os originais?
Em 2005, eu já estava com os originais. Uma era para entregar nas mãos do Aécio Neves, a outra, ao senador da República Eduardo Azeredo, uma ao Roberto Jefferson e outra ao Michel Temer. O Dimas me encarregou de entregar para a lista a essas pessoas.

Qual o interesse do governador Aécio Neves nessa lista?
Ele (Aécio) estava na cova dos leões. O interesse dele era que não viesse à tona a lista. Se a lista fosse divulgada, o Dimas cairia do cargo e todo o esquema do caixa 2 de Furnas estaria comprometido. O interesse político não era só do Aécio Neves, mas também de todos os outros que estão na lista.

O que o senhor tem a dizer sobre esse caso do caixa 2 que envolve a Central Furnas?
Irregularidades existem e estão sendo comprovadas. E existe sim um grupo de políticos poderosos em que os meios de comunicação estão comprometidos. Vou processar todo mundo que me difamou. Sou procurador de grandes empresas e Brasília é a casa do lobby.

Por que só em maio o senhor decidiu entregar os originais à Polícia Federal?
O Dimas me usou. Agora todos negam, Cláudio Mourão nega. Vem a investigação e comprova tudo, não tem como mentir para o Ministério Público e a Polícia Federal. Eu iria entregar os originais à PF em maio. O Dimas que fez a lista e precisa provar o contrário. Ele que deve explicações.

Mas, por quê somente em maio desse ano o senhor decidiu entregar os originais à PF, já que teve acesso à lista em abril de 2005?
Porque eu esperava um momento oportuno. Esperar as convenções dos partidos. Esperava ser chamado na CPI para entregar os originais.

Em que as convenções influenciariam sua decisão de entregar os originais?
Era uma tática. Esperava para ver quem eram os candidatos. Muitos que estão na lista pregam a boa moral e eu ia mostrar quem na verdade eles são. Por que não fazem uma CPI de Furnas? Por que querem vender Furnas? Para tapar esse rombo aí.

O senhor diz que queria se defender na CPMI dos Correios, o que o senhor diria lá?
Todo mundo ia lá e mentia e por que eu não podia ir? Queria me defender com documentos. No momento certo eu pego todo mundo.  Passei a ficar no pêndulo da crise, envolvendo PT, PMDB, PTB. Por isso meu requerimento não foi aprovado na CPI. Eu ia detonar mesmo ao vivo e a cores. E vou processar todos que me acusaram de mentiroso.

O que muda com a declaração da Polícia Federal de que a lista é autêntica?
Muda que eu estava falando a verdade. Muda muito e quem me acusou de falsário vai ter que provar na justiça.

Por que a perícia da PF, feita na cópia autenticada, encontrou desalinhamento, formatação e impressão diferentes na 5ª página, em comparação com as quatro primeiras páginas? A Polícia Federal afirma na segunda perícia que a cópia e o original autêntico têm o mesmo conteúdo e são muito parecidos, mas não são iguais. A cópia que o senhor autenticou foi de outro original? Está com o senhor?
Um documento só pode ser autenticado diante do original. O que manda é o original. E eu entreguei foi o original. O resto é uma outra conversa que a PF está investigando.