CSC assume presidência do maior sindicato têxtil do Brasil

De um total de 12.189 eleitores, a chapa teve 5.913 votos (53,05 %). Embora a categoria seja majoritariamente feminina, é a primeira vez que uma mulher vai assumir a presidência da entidade. Já a secretaria-geral será ocupada por Márcio Lueders, outro membro da CSC.

O pleito teve mais concorrentes. A Chapa 3 não recebeu mais do que 2.397 votantes (21,5 %), embora contasse com o apoio da executiva estadual da CUT. A adesão da diretoria cutista, controlada pela tendência Articulação Sindical (ArtSind), ocorreu em reunião e não levou em conta a representatividade da central. “Foi uma decisão personalista, que desprezou a compreensão dos trabalhadores”, diz Lueders.

Em terceiro lugar, apoiada pelo Partido Verde, veio a Chapa 4, com 1.602 votos (14,37 %). Já a Chapa 2 teve 1.232 eleitores (11,05 %). Era formada por ex-integrantes do sindicato e aposentados. Houve ainda 317 votos em branco e 728 nulos, além de 191 abstenções.

Os números apontam um resultado contundente da CSC. “É uma vitória estrondosa”, afirma Márcio Lueders. “Em função de algumas lideranças sindicais terem se colocado a serviço do patronato, a categoria se desmobilizou nos últimos anos. Na penúltima gestão, o sindicato concedeu aos patrões um piso livre da categoria e banco de horas.”

De acordo com o dirigente, o Sintrafite entrará em fase de “reagir, se conscientizar, retomar a mobilização e progredir”. O novo secretário-geral da Sintrafite, Márcio Lueders, destaca três eixos de atuação para a nova diretoria:
– a luta contra o assédio moral, prática muito freqüente na área têxtil;
– uma campanha pela saúde dos trabalhadores, para preveni-los das LER (Lesões por Esforços Repetitivos) e das Dort (Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho);
– a preparação da categoria para batalhas tradicionalmente trabalhistas, como questões salariais e luta pela PLR (Participação nos Lucros e Resultados) das empresas.

“Vitória maiúscula”
O Sintrafite é um dos maiores sindicatos — o maior entre os têxteis — da América Latina. Conta com 22 mil sócios de uma base de 35 mil trabalhadores. Cerca de 70% da categoria é feminina. A base é formada por funcionários de Teka, Sul Frabil, Hering, Artex e Coteminas, entre outras empresas conhecidas no Brasil.

Com a vitória da Chapa 1, o sindicalismo classista ganha vigor. “Parabenizo os militantes da CSC pelo expressivo resultado. É uma vitória maiúscula, que vai fortalecer a luta dentro das fábricas catarinenses”, declarou o coordenador nacional da CSC, João Batista Lemos.

O sindicalista destacou que muitas empresas se transferiram de São Paulo para Santa Catarina — o que amplia os desafios da categoria. “No último Concut mesmo [realizado de 5 a 9 de junho], a bancada catarinense se expandiu. A vitória da CSC é fundamental para o processo de conscientização e organização da luta desses trabalhadores”, afirmou Batista.

Por André Cintra, da Redação,
com dados da CSC e da CUT de Santa Catarina