Entrada da Venezuela no Mercosul é “ato histórico”, diz Lula

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou como "ato histórico" a entrada oficial da Venezuela no Mercosul. O presidente brasileiro afirmou que esse é um dado concreto da integração da América do Sul.

"O dado concreto é que o Mercosul é um sinal extremamente importante com a entrada da Venezuela e que estamos fazendo mais do que um acordo econômico, mais do que um acordo comercial. Estamos fazendo um ato histórico de integração do continente. Temos que viver com os problemas e as assimetrias entre os países", afirmou. Lula destacou a necessidade de ajudar o desenvolvimento dos países menores do Mercosul. Ao mesmo tempo, Lula cobrou a votação pelo Congresso Nacional de dois fundos de apoio ao bloco econômico – um para o Mercosul e outro específico ao Paraguai. "Os países maiores do Mercosul temos clareza que precisamos ajudar os países menores.

No caso do Brasil, criamos um fundo para ajudar no desenvolvimento dos países menores que está no Congresso Nacional. Nós esperamos que em algum momento ele seja aprovado", disse. "Brasil e Argentina terão muito mais tranquilidade de ver o Mercosul crescer quando pudermos ajudar mais o Uruguai, o Paraguai, a Bolívia", afirmou. Segundo Mario Mugnaini, secretário da Camex (Câmara de Comércio Exterior), o governo brasileiro avaliou positivamente a entrada da Venezuela. "O país que tem boas condições econômicas em função do preço do petróleo", disse. Para ele, as empresas instaladas na área do bloco também terão vantagens. Pelo cronograma estabelecido em maio pelos países do Mercosul, Brasil e Argentina deixarão de cobrar tarifas de importação de produtos venezuelanos em 2010. Na mão contrária, o fim das tarifas irá ocorrer em 2012. Nos dois casos ficam de fora os chamados produtos sensíveis.

 

Padrões

No caso de Uruguai e Paraguai, os prazos vão até 2014. No entanto, a abertura irá ocorrer antes para alguns produtos. A Venezuela terá ainda que cumprir por quatro anos as obrigações da Comunicada Andina de Nações, da qual fazia parte, e por esse período poderá usufruir também das preferência tarifárias desse bloco. Outro prazo diz respeito ao chamado regime "origem Mercosul". Ele determina que um produto é feito no Mercosul quando tem ao menos 60% de sua produção (mão-de-obra e insumos) originada no bloco. A venezuela tem até 2014 para completar essa etapa.
O presidente da Argentina, Néstor Kirchner, disse que entrada da Venezuela no Mercosul vai colaborar com o processo de integração e projeção da América do Sul em relação ao mundo. Para Kirchner, "esse é um passo qualitativo que vai consolidar a perspectiva de projeção da região em direção ao mundo, à própria América, América Latina e aos processos de integração que este espaço do mundo está precisando para que definitivamente tenha voz e fortaleza". Segundo o presidente argentino, através dessa projeção será possível "encontrar os padrões de construção que nos permitam responder as expectativas dos nossos povos".
Apoio

O presidente argentino destacou ainda que a entrada da Venezuela no Mercosul, além de ser um fato histórico, permitirá uma antiga aspiração do bloco: a consolidação do diálogo com a Comunidade Econômica Européia e com os países da Ásia e da África, "para que definitivamente possamos ter uma qualidade superior na tarefa que nós realizamos e nos benefícios globais que aspiramos para esta região".

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, destacou que "hoje começa uma nova etapa, não só na história da Venezuela, mas também na história sul-americana". Nesta quarta-feira, a Venezuela celebra os 195 anos da declaração de sua independência e, segundo Chávez, a entrada de seu país no bloco pode ser comparada como as bases lançadas por Bolívar. "Estamos colocando pedras fundamentais para a liberação da América do Sul, para a concretização de um grande projeto sul-americano", disse. Segundo Chávez, "a união sul-americana hoje mais do que nunca é possível". Ele disse também que o ingresso da Venezuela no Mercosul se deveu, entre outros aspectos, "ao apoio sempre firme de Néstor Kirchner".

Com agências