Modelo tucano: Presídio em SP confina mil presos no pátio

O caos no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Araraquara, anexo encravado na penitenciária da cidade, vai continuar até o dia 14 deste mês, quando ¾ da prisão devem voltar a funcionar. Enquanto isso, a maioria d

A situação no CDP é precária desde que um motim, iniciado no dia 16, destruiu a penitenciária. O único acesso à ala em que os detentos estão confinados foi soldado pelos funcionários. Presos que a Justiça mandou libertar tiveram de ser içados por cordas.

Detentos com HIV teriam contraído tuberculose. Não existe espaço para que todos se deitem ao mesmo tempo para dormir. Há fila para ir ao banheiro e os alimentos são lavados em um tanque – os presos temem ser envenenados por agentes, que desmentem a denúncia.

O plano do governo é retirar hoje 107 detentos doentes da única das quatro alas do CDP que está ocupada. O grupo será levado para um pátio ao lado, onde permanecerá ao relento. É o mesmo pátio onde funcionários da Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) acharam um túnel há quatro dias, o que provocou o esvaziamento do lugar. A SAP espera o concreto secar para reabrir essa ala aos demais presos, o que deve ocorrer na terça-feira. Na sexta-feira, os presos passarão a ocupar uma terceira ala, hoje fechada para o restabelecimento da água e da luz.

O secretário confirmou que o acesso foi soldado. "Não dá para fazer mágica. Ou fazia isso ou iam embora. Era a sociedade ou eles."

Sobrevoando o complexo, a visão é de um pavilhão lotado, com os presos sem camisa em razão do forte calor e tendo de cuidar dos feridos. Para isso, deixaram um espaço no meio do pátio.

Portas das celas arrancadas e queimadas na rebelião são vistas encostadas no pátio. O telhado não existe mais. O lixo está espalhado pela unidade. Mensagens pedindo solidariedade aos líderes do Primeiro Comando da capital (PCC), presos em Presidente Venceslau, foram escritas no pátio desativado depois da descoberta do túnel de 10 metros. A intenção era fazer uma fuga em massa com ajuda de integrantes do PCC, que atirariam nos guardas da muralha.

Condenado por homicídio, roubo e seqüestro, o ex-cirurgião plástico Hosmany Ramos afirmou que está medicando os colegas. Por celular, ele reclamou da falta de medicamentos, mas disse que coquetéis contra aids aos poucos estão sendo entregues. O secretário disse que o atendimento continua e desmentiu Hosmany.

O senador Eduardo Suplicy (PT) visitou a unidade ontem e recebeu de Hosmany balas de borracha que o preso disse ter extraído dos colegas atingidos na invasão Tropa de Choque, que conteve a rebelião, no dia 17. Suplicy afirmou que vai levá-las ao governador Cláudio Lembo (PFL). Para o Sindicato dos Funcionários do Sistema Prisional, a condição dos presos é "subumana".

Fonte: Agência Estado