Deputados mineiros envolvidos no esquema sanguessugas se defendem

Entre os 57 nomes de parlamentares citados na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Sanguessugas como possíveis envolvidos na compra superfaturada de ambulâncias, estão quatro deputados federais mineiros: Cabo Júlio (PMDB), Isaías Silvestre (

Até agora foram divulgados 57 nomes, mas o número estimado de envolvidos é bem superior: com 105 nomes. Destes só 15 foram notificados. O relatório da CPMI só sai na segunda quinzena de agosto e são pequenas as chances de que os culpados sejam punidos antes das eleições de outubro.
Segundo o deputado José Militão (PTB-MG) o seu nome foi citado entre os supostos envolvidos por uma “infelicidade”. Ele conta que em 2004 acompanhou Darci Vedoin, dono da Planan, em uma audiência com o titular da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais, Nélio Brumer. Vedoin queria a transferência da empresa para a cidade de Sete Lagoas.
“Quando saímos, ele me disse que daria uma ajuda para a campanha. Eu disse que tudo bem. Depois de meses a ajuda não veio e meu assessor ligou para cobrar. Ele explicou que a ajuda sairia em forma de ambulâncias. E nesta hora a Polícia Federal que já estava investigando o caso gravou a conversa”, explica o deputado que diz não ter nada a ver com o esquema de corrupção.
A assessoria do deputado Cabo Júlio (PMDB) afirma que o deputado “já esclareceu sobre o caso à Polícia Federal em seu depoimento declarando sua inocência”. Os deputados Osmânio Pereira (PTB) e Isaías Silvestre (PSB) não foram encontrados para comentar o envolvimento de seus nomes no esquema das Sanguessugas.
Na quinta-feira (20), o vice-presidente da CPMI dos Sanguessugas, deputado Raul Jungmann (PPS-PE), defendeu a notificação imediata de pelo menos 94 parlamentares que teriam sido citados em depoimento pelo empresário Luiz Antônio Trevisan Vedoin.
Trevisan revelou um esquema de compra superfaturada de ambulâncias, adquiridas por meio da apresentação de emendas ao Orçamento da União e de licitações fraudulentas que contariam com a participação de empresas da família Vedoin.
O pagamento da propina era feito de várias formas que iam desde depósitos em conta corrente até a entrega de presentes como automóveis e viagens. Dos 94 parlamentares, 40 receberam em dinheiro vivo, 10 receberam em sua conta corrente particular, cinco receberam por meio de parentes, 34 receberam em depósitos em contas correntes de assessores e outros cinco receberam um automóvel BMW, um ônibus, um automóvel Fiat ou outras formas de pagamento.
O vice-presidente da CPMI, diz que sentiu um misto de “desprezo e vergonha” ao concluir a leitura do depoimento de Vedoin. Segundo o deputado, todas as provas que reforçam a participação dos parlamentares no esquema de venda das ambulâncias estão documentadas.
“Isso nos aponta um sentimento de impunidade que beira à negligência. E também um sentimento de escárnio e desrespeito para com qualquer forma de controle republicano e democrático por parte de representantes populares”, confessou Jungmann.
A Planam seria responsável pela montagem das ambulâncias que eram entregues às prefeituras municipais. Durante a entrevista, Jungmann disse que o Brasil precisaria render homenagens ao juiz Jefferson Schneider e ao procurador federal Mário Lúcio Avelar, responsável pela investigação do esquema fraudulento de aquisição de ambulâncias em Mato Grosso.
Lista dos deputados citados no depoimento de Trevisan e tidos como possíveis envolvidos na compra superfaturada de ambulâncias.



Deputados notificados
Almeida de Jesus (PL-CE)
Benedito Dias (PP-AP)
Cabo Júlio (PMDB-MG)
Edir Oliveira (PTB-RS)
Fernando Gonçalves (PTB-RJ)
Iris Simões (PTB-PR)
João Caldas (PL-AL)
Lino Rossi (PP-MT)
Nilton Capixaba (PTB-RO)
Pastor Amarildo (PSC-TO)
Paulo Baltazar (PSB-RJ)
Paulo Feijó (PSDB-RJ)
Pedro Henry (PP-MT)
Teté Bezerra (PMDB-MT)
Wanderval Santos (PL-SP)


Parlamentares que serão notificados
Alceste Almeida (PTB-RR)
Almir Moura (PFL-RJ)
Amauri Gasques (PL-SP)
Benedito de Lira (PP-AL)
Cleonâncio Fonseca (PP-SE)
Coriolano Sales (PFL-BA)
Dr. Heleno (PSC-RJ)
Dr. Ribamar Alves (PSB-MA)
Edna Macedo (PTB-SP)
Eduardo Gomes (PSDB-TO)
Eduardo Seabra (PTB-AP)
Elaine Costa (PTB-RJ)
Enivaldo Ribeiro (PP-PB)
Fernando Estima (PPS-SP)
Irapuan Teixeira (PP-SP)
Isaías Silvestre (PSB-MG)
Itamar Serpa (PSDB-RJ)
Jefferson Campos (PTB-SP)
João Batista (PFL-SP)
João Correia (PMDB-AC)
João Mendes de Jesus (PSB-RJ)
José Divino (PRB-RJ)
José Militão (PTB-MG)
Junior Betão (PL-AC)
Laura Carneiro ( PFL-RJ)
Marcelino Fraga (PMDB-ES)
Marcos Abramo (PFL-SP)
Mario Negromonte (PP-BA)
Mauricio Rabelo (PL-TO)
Nélio Dias (PP-RN)
Neuton Lima (PTB-SP)
Ney Suassuna (senador, PMDB-PB)
Osmânio Pereira (PTB-MG)
Raimundo Santos (PL-PA)
Reginaldo Germano (PP-BA)
Reinaldo Betão (PL-RJ)
Reinaldo Gripp (PL-RJ)
Ricarte de Freitas (PTB-MT)
Vanderlei Assis (PP-SP)
Vieira Reis (PRB-RJ)
Wellignton Fagundes (PL-MT)
Zelinda Novaes (PFL-BA)


Fonte: Portal Minas de Fato