Fidel se afasta provisoriamente do governo por motivos de saúde

O presidente de Cuba, Fidel Castro, de 79 anos, foi submetido a uma cirurgia no intestino e deixou pela primeira vez o controle do governo cubano. Em comunicado divulgado na noite desta segunda-feira (31/7), Fidel delegou provisoriamente o governo a seu i

No comunicado oficial, assinado pelo próprio Fidel, o presidente cubano afirma ter passado por uma “uma crise intestinal aguda com sangramento sustentado”, que o obrigou a “uma complicada intervenção cirúrgica”.



“A operação me obriga a permanecer várias semanas em repouso, afastado das minhas responsabilidades e cargos”, afirma a nota oficial, lida pelo secretário particular de Fidel, Carlos Valenciaga, em emissoras de rádio e televisão de Cuba.



Fidel, que completará 80 anos no dia 13 de agosto, governa Cuba desde 1959. No comunicado, o líder cubano pede que as comemorações do seu aniversário sejam adiadas para 2 de dezembro.



Agenda sobrecarregada



O líder cubano atribui o problema de saúde à agenda sobrecarregada das últimas semanas, que incluiu visitas à Argentina, onde participou da Cúpula do Mercosul, e a cidades da região leste de Cuba. “Dias e noites de trabalho contínuo, sem dormir, fizeram a minha saúde, que tem resistido a todos os testes, se submeter a um estresse extremo, e se quebrar”, diz o líder de Cuba na nota oficial.



Por meio do mesmo comunicado, outros membros do Partido Comunista de Cuba, como Carlos Lage, Esteban Lazo, Josi Ramón Balaguer, Josi Ramón Machado Ventura, Francisco Soberón e Felipe Pirez Roque receberam tarefas prioritárias.



Confira abaixo a íntegra da nota oficial divulgada pelo governo cubano:



“Por causa do enorme esforço realizado para visitar a cidade argentina de Córdoba, participar da reunião do Mercosul, do encerramento da cúpula dos povos na histórica universidade de Córdoba e visitar Altagracia, a cidade onde viveu o Che em sua infância, e além disso assistir logo em seguida à comemoração do 53º aniversário do assalto aos quartéis de Moncada e Carlos Manuel de Céspedes, no dia 26 de Julho de 1953, nas províncias de Granma e Holguín, dias e noites de trabalho contínuo, sem dormir, fizeram a minha saúde, que tem resistido a todos os testes, se submeter a um estresse extremo, e se quebrar.



Isto me provocou uma crise intestinal aguda com sangramento sustentado, que me obrigou a enfrentar uma complicada intervenção cirúrgica.



Todos os detalhes do acidente de saúde estão nas radiografias, endoscopias e filmes. A operação me obriga a permanecer várias semanas em repouso, afastado das minhas responsabilidades e cargos.



Como nosso país se encontra ameaçado em circunstâncias como esta pelo Governo dos Estados Unidos, tomei a seguinte decisão:



1.- Delego em caráter provisório minhas funções como primeiro-secretário do Comitê Central do Partido Comunista de Cuba ao Segundo Secretário, companheiro Raúl Castro Ruz.



2.- Delego em caráter provisório minhas funções como Comandante-em-chefe das heróicas Forças Armadas Revolucionárias ao mencionado companheiro, General de Exército Raúl Castro Ruz.



3-. Delego em caráter provisório minhas funções como Presidente do Conselho de Estado e do Governo da República de Cuba ao Primeiro vice-presidente, companheiro Raúl Castro Ruz.



4.- Delego em caráter provisório minhas funções como líder principal do Programa Nacional e Internacional de Saúde Pública ao membro do Birô Político e ministro da Saúde Pública, companheiro José Ramón Balaguer Cabrera.



5.- Delego em caráter provisório minhas funções como líder principal do Programa Nacional e Internacional de Educação aos companheiros José Ramón Machado Ventura e Esteban Lazo Hernández, membros do Birô Político.



6. Delego em caráter provisório minhas funções como líder principal do Programa Nacional da Revolução Energética em Cuba e de colaboração com outros países neste âmbito ao companheiro Carlos Lage Dávila, membro do Birô Político e secretário do Comitê Executivo do Conselho de Ministros.



Os fundos correspondentes para estes três programas, saúde, educação e energia, deverão continuar sendo administrados e priorizados, como eu vinha fazendo pessoalmente, pelos companheiros Carlos Lage Dávila, Secretário do Comitê Executivo do Conselho de Ministros, Francisco Soberón Valdés, Ministro Presidente do Banco Central de Cuba, e Felipe Pérez Roque, Ministro de Relações Exteriores, que me acompanharam nestas gestões e deverão constituir uma comissão com esse objetivo.



Nosso glorioso Partido Comunista, apoiado pelas organizações de massas e todo o povo, tem a missão de assumir a tarefa anunciada nesta proclamação.



A Cúpula do Movimento de Países Não-Alinhados, entre os dias 11 e 16 de setembro, deverá receber a maior atenção do Estado e da Nação para que seja celebrada com o máximo de brilho na data estipulada.



O 80º aniversário do meu nascimento, que tão generosamente milhares de personalidades decidiram celebrar no dia 13 de agosto, peço a todos que seja adiado para 2 de dezembro, 50º aniversário do Desembarque do Granma.



Peço ao Comitê Central do Partido e à Assembléia Nacional do Poder Popular o apoio mais firme a esta Proclamação.



Não tenho a menor dúvida de que nosso povo e nossa Revolução lutarão até a última gota de sangue para defender estas e outras idéias e medidas que sejam necessárias para salvaguardar este processo histórico.



O imperialismo jamais poderá suplantar Cuba.



A batalha de idéias seguirá adiante.



Viva a pátria!



Viva a Revolução!



Viva o Socialismo!



Até a vitória sempre!



Fidel Castro Ruz (assinado com seu punho e letra)



Comandante-em-Chefe, primeiro-secretário do Partido e Presidente dos Conselhos de Estado e de Ministros da República de Cuba.



31 de Julho de 2006″