Spike Lee filma devastação de Nova Orleans pelo Katrina

O cineasta Spike Lee costuma dizer o que pensa, sem medir as conseqüências. Mas ele se mostrou tímido ao dizer aos repórteres que seu trabalho mais recente fala por si só. Talvez isso se deva ao fato de que seu filme de quatro horas de duração, When t

Lee deixa que falem por ele cem vozes de moradores de Nova Orleans que tiveram que abandonar a cidade, estão desorientados e justificadamente amargurados. Segundo uma resenha publicada na revista Newsweek, “o resultado pode ser visto como o trabalho mais essencial dos 20 anos de carreira de Spike Lee”.


 


O filme, que originalmente deveria durar duas horas, relata como a grande cidade norte-americana foi reduzida a escombros por um furacão de categoria 5. E mostra como seus moradores foram espalhados pelos quatro cantos do país, não apenas pela natureza, mas também pelas agências locais, estaduais e federais, que não souberam administrar a crise a contento.


 


Contrastes
Logo no início, o filme expõe contrastes irônicos entre festas e paradas históricas em Nova Orleans intercaladas com imagens de escombros, cadáveres boiando na água e casas destruídas, tudo isso contra o pano de fundo de Do You Know What It Means To Miss New Orleans, canção de Louis Armstrong. Quatro horas mais tarde, a mensagem é clara: Nova Orleans, quase um ano depois do desastre, ainda não voltou a ser o que era – e muitos se perguntam se algum dia será.


 


O filme de Lee faz sua estréia mundial na noite de quarta-feira (16/8), quando será exibido para um público de 16.000 pessoas no Coliseu de Nova Orleans, que conhece seu tema a fundo. Em seguida, será exibido pela HBO em duas partes, em duas noites sucessivas, começando em 21 de agosto. E será exibido novamente, na íntegra, em 29 de agosto, o primeiro aniversário da chegada do Katrina ao Lousiana.


 


Dirigir sem atuar
Spike Lee, que é um dos mais destacados cineastas afro-americanos, disse que sua idéia foi permitir que os moradores de Nova Orleans contassem sua história, eles mesmos. Diferentemente de muitos de seus trabalhos de ficção, ele próprio não aparece no filme, e também abriu mão da narração, apenas deixando que as pessoas falassem diretamente para a câmera.


 


Nova-iorquino que tem muitos amigos músicos e artistas de Nova Orleans, Lee disse que estava na Itália, assistindo ao Festival de Cinema de Veneza, quando o furacão passou por Nova Orleans. Mas que soube desde o primeiro momento do desastre que teria de fazer um filme sobre ele, mesmo que ele próprio tivesse que ficar fora do filme.