Mostra no Chile promove “enforcamento” de Augusto Pinochet

A presidente chilena, Michelle Bachelet, inaugurou nesta quinta-feira (17/8) a exposição Obras Públicas, do poeta e artista plástico Nicanor Parra. Uma das obras, chamada O pagamento do Chile, representa todos os ex-presidentes do país e

“Como presidente em exercício, é claro que o lugar onde estão meus ex-colegas vai chamar a minha atenção”, comentou a governante socialista, durante a inauguração. Bachelet perguntou ao criador da “antipoesia” se vai ser incluída na obra quando terminar seu mandato.


 


A instalação apresenta todos os governantes da história do Chile pendurados em fila, a exemplo do ex-ditador Augusto Pinochet (1973-90). Cada um é representado por uma figura de papelão, de 1,5 metro de altura, com a cabeça ligeiramente inclinada e pendendo de uma corda sobre um fundo negro.


 


O autor disse que se considera mais “conciliador” que “provocador” e explicou que a polêmica instalação se baseia nos chamados “juízos de residência”. “Durante a época colonial, ninguém podia criticar um governante enquanto ele estivesse no poder. Mas, quando deixava o cargo, ele se submetia a todo tipo de crítica. Eram os juízos de residência”, afirmou Parra.


 


A exposição vai até 6 de outubro, no Centro Cultural do Palácio de La Moneda. Ela reúne obras inéditas de artes plásticas, audiovisuais e instalações de Parra. “A idéia central é mostrar uma grande crítica, humorística e dramática, à cultura ocidental”, explicou Hernán Edwards, curador da mostra.


 


Na sexta-feira passada, o jornal La Tercera afirmou que a exposição de Parra podia “ferir sensibilidades e até custar o cargo” da ministra da Cultura, Paulina Urrutia. A ministra afirmou que não havia “nenhum problema com a obra de Nicanor Parra” e que a exposição estava absolutamente aprovada. Mas a coordenadora e gerente da exposição, Morgana Rodríguez, foi despedida.