Petróleo assina sua sentença de morte, prevê especialista

Os preços do petróleo vão permanecer bem acima dos US$ 50 por barril nos próximos anos, bem acima da média das duas últimas décadas, que foi de US$ 25. Esses preços estão “fora do mercado”: vão forçar uma maior economia energética e, ao mesmo tempo a dema

Mitchell prevê que a importância do petróleo como fonte energética no mundo vai declinar gradualmente nos próximos dez anos. Essa é a conclusão do seu estudo, intitulado  “Uma nova era para os preços do petróleo” O autor trabalha no instituto Chatham House, de Londres.



“Sentença de morte”



 “O petróleo está assinando sua própria sentença de morte ao fixar preços fora do mercado; e está tornando altamente atrativas alternativas energéticas que anteriormente os consumidores achavam caras demais”, diz Mitchell.



Segundo ele, ao se acostumarem com preços altos, os consumidores vão encontrar maneiras de mitigar sua dependência do petróleo. Paulatinamente, isso vai enfraquecer a posição da indústria petrolífera no mundo e expô-la a uma competição maior com produtos e serviços energéticos mais eficientes.

Mitchell analisa que o desvio no preço do petróleo começou em 2003. “A razão mais importante disso é que a crescente demanda eliminou o superávit estrutural da produção de petróleo que existia desde o choque nos preços entre 1979 e 1983”, avalia.



Os efeitos da alta



Ele observou que até agora, os preços elevados da commodity não provocaram uma recessão econômica nos países importadores. Por isso o consumo de petróleo não caiu como na década de 80 após o segundo choque nos mercados. “A menos que isso ocorra, um superávit estrutural não será recriado, e os preços deverão continuar altos, acima dos US$ 50 por barril, até que entrem em ação efeitos de longo prazo”, analisa. 



Segundo o estudo, se a situação no Oriente Médio se deteriorar os preços poderão atingir novos recordes. “Mas a reação dos consumidores na busca de alternativas energéticas seriam mais rápida e forte”, diz.



O  desaparecimento de uma sobra na oferta do petróleo significa que o principal mecanismo para se estabilizar os preços da commodity – o controle da produção pela Opep e outros exportadores importantes – funcionará no futuro apenas durante períodos de forte recessão econômica, quando esses países tentarão proteger seus ganhos. Por isso, segundo o analista, a volatilidade nos preços deverá continuar.



A vez do etanol



No setor de transportes, Mitchell assinala que há um amplo leque de possibilidades que não dependem do desenvolvimento de novas tecnologias. Segundo ele, uma mudança no perfil do consumo de veículos nos Estados Unidos, que seguisse o padrão europeu e japonês de carros menois esbanjadores, já reduziria a demanda mundial de combustíveis em cerca de 10%, talvez até em um terço. “Outro exemplo seria a abertura dos mercados dos Estados Unidos e Europa para a competição do etanol produzido pelo Brasil e outros países em desenvolvimento”, observa.



Mitchell afirma que o gás também tem sido considerado uma alternativa ao petróleo em vários setores. Ele pode ser usado como uma fonte direta de aquecimento e para a geração de eletricidade através de usinas termoelétricas. “Entretanto, a disponibilidade de gás em vários países depende de investimentos para sua importação, o estabelecimento de um sistema de distribuição que estimule a concorrência, e de seus preços em comparação aos derivados de petróleo”, explicou.



Com agências