Para o governo boliviano, nacionalização não será imediata

A nacionalização das reservas de gás natural e petróleo na Bolívia, decretada no dia 1º de maio deste ano, é um processo que deve levar até 20 anos, segundo o superintendente de Hidrocarbonetos do país, Víctor Hugo Sáinz.

Sáinz disse que não se pode falar de resultados imediatos no processo e que quem o faz “não sabe o que diz”. “O processo de nacionalização vai levar dez, 15, 20 anos e quem disser que vamos industrializar (o setor de hidrocarbonetos) em dois anos não sabe o que está falando. Está criando falsas expectativas, não sei por quais motivos”, afirmou.



O superintendente lembrou também que agora é preciso elaborar um novo sistema regulatório para o setor, de modo a tornar efetivas as medidas adotadas no decreto de nacionalização.



“O processo de nacionalização é um caminho árduo, que pode tomar muitos anos, e não apenas 180 dias”, acrescentou o superintendente.



Pelo decreto, as petrolíferas estrangeiras em atuação no país têm 180 dias (a partir de 1º de maio) para se adaptarem às novas condições de exploração e comercialização.



Sem direito de reclamar



Sáinz criticou a oposição ao governo do presidente Evo Morales, que acusa o presidente de “não estar fazendo nada”. O superintendente disse que representantes dos interesses das empresas petrolíferas no passado “se encarregaram de destruir a indústria”, e para isso teriam levado dez anos. “Por isso não podem reclamar”, disse.



O governo boliviano sabe que as novas regras não estão prontas, disse Sáinz. “Não quero desanimar as pessoas. Projetos sérios de industrialização, de investimentos de US$ 300 milhões a US$ 400 milhões, levam facilmente de três a seis anos para serem implementados”, completou.