América Latina “exporta” cada vez mais mercenários ao Iraque

O recrutamento na América Latina de funcionários pagos para atuar no conflito no Iraque “é um fenômeno que está aumentando”, afirmou Amada Benavides, presidente do grupo de trabalho da ONU sobre o emprego de mercenários. “O grupo de trabalho notou com pre

A delegação da ONU chegou há uma semana no Equador para confirmar se são contratados mercenários no país para lutar no Iraque, como foi denunciado por meios locais. Amada afirmou que “no contexto latino-americano há denúncias de casos concretos, e acreditamos que o fenômeno está aumentando”.


 


“É um fenômeno regional, que aparece também em outros lugares, como nas ilhas Fiji, na África do Sul, Guiné Equatorial, Filipinas, onde pessoas são contratadas como mercenários. É uma modalidade geral que na América Latina alcançou seu auge.” No entanto, a presidente informou que no Equador, depois das investigações, “não encontramos evidências de contratação de mercenários como ocorreu em Honduras, onde havia denúncias concretas”.


 


O grupo da ONU solicitou permissão aos governos de Honduras, Equador, Peru, Chile e Colômbia para fazer as pesquisas. A missão já esteve em Honduras, agora finalizou sua estadia no Equador, depois viajarão ao Peru e esperam a aprovação do Chile e da Colômbia. Segundo Amada, na América Latina os cidadãos “são recrutados como guardas de segurança, mas terminam trabalhando como militares e são levados com baixos salários e em condições desumanas, violando muitos direitos”.


 


As causas da migração
Na opinião da presidente, os motivos para a contratação são o desemprego e o emprego informal, além da possibilidade de migração, entre outros. No caso do Equador, a missão da ONU determinou que “uma empresa estaria contratando equatorianos e colombianos para trabalharem como mercenários pela internet”. Mas indicou que “não foram encontrados registros nem denúncias por parte de população para nos ajudar a ter uma evidência concreta de como opera a companhia”.


 


Na província de Manabí, na costa do país, desde o ano passado foram apresentadas denúncias segundo as quais algumas empresas contratam ex-militares e policiais do Equador e da Colômbia para enviá-los ao Iraque. Durante a visita, a delegação da ONU manteve reuniões com os ministros de Governo, Antonio Andretta, e do Trabalho, José Serrano, além de outras autoridades, para questionar sobre as denúncias.


 


Além disso, o grupo conversou com organizações não-governamentais, órgãos da sociedade civil, setores acadêmicos e com a direção nacional da Ordem dos Advogados do Equador. O grupo apresentará um relatório de sua visita ao Equador ao Conselho de Direitos Humanos e à assembléia geral da ONU.