Bancários denunciam cenas de humilhação e rotina insalubre
As pesquisas que indicam a incidência do assédio moral entre os bancários e o grande número de ações trabalhistas contra os bancos revelam os constantes transtornos presentes na rotina da categoria. Em pesquisa que consultou 2.609 bancários de 25 estados
Publicado 11/09/2006 19:37
Levantamento feito pela comissão jurídico-trabalhista da Febraban revela que, até maio deste ano, nove grandes bancos do país já somavam 39.515 ações trabalhistas de funcionários e ex-funcionários. As manifestações de assédio variam de uma empresa para outra. Em algumas instituições, a discriminação sexual é um forte mecanismo de humilhação que acarreta demissões infundadas. É o caso do ex-bancário Antonio Ferreira, que em 2004 foi demitido pelo Bradesco por orientação sexual.
Nervosismo, tensão, dores de cabeça, insônia e tristeza estão entre as principais conseqüências dos constrangimentos. A pesquisa revela que 60,72% dos profissionais se dizem nervosos, tensos e preocupados. O quadro revela, portanto, que a saúde é a área mais afetada na vida dos trabalhadores assediados moralmente.
A Minuta de Reivindicações da Campanha 2006 prioriza o combate às humilhações e espoliações pelas quais passam a categoria. O fim da extrapolação de jornada, do acúmulo de atividades e da discriminação no ambiente de trabalho elencam as ações que visam o extermínio total e definitivo do assédio.
Protesto
Em mais um ato de protesto contra o assédio moral, o Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região promove nesta terça-feira (12/9), no Bradesco da Praça Osvaldo Cruz, uma paródia ao circo internacional que tem patrocínio do banco no Brasil. O “Circo de Só LER” apresenta um espetáculo com artistas circenses de verdade, para mostrar a realidade dos que fazem malabarismos diariamente para cumprir as metas do banco. LER é a sigla de Lesões por Esforço Repetitivo.
Na quarta-feira, acontece a reunião de saúde entre representantes dos bancários e da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), quando os trabalhadores vão cobrar dos banqueiros melhores condições de trabalho. “O reconhecimento de que existe assédio moral foi uma importante conquista dos bancários durante a última rodada de negociação (em 29 de agosto), diz Walcir Previtale Bruno, secretário de Saúde do Sindicato e funcionário do Bradesco.
“Agora, precisamos tirar do bancário o medo de denunciar”, reforça Walcir. “Quem está no trabalho precisa saber que há muito assédio – e que muitos bancários adoecem, todos os dias, por causa das péssimas condições de trabalho”. Para o presidente do sindicato, Luiz Cláudio Marcolino, é importante avançar também na isonomia de direitos, outra reivindicação prioritária dos bancários. “Dar os trabalhadores afastados por problemas de saúde ocupacional os mesmos direitos dos da ativa é fundamental.”