Bancários denunciam cenas de humilhação e rotina insalubre

As pesquisas que indicam a incidência do assédio moral entre os bancários e o grande número de ações trabalhistas contra os bancos revelam os constantes transtornos presentes na rotina da categoria. Em pesquisa que consultou 2.609 bancários de 25 estados

Levantamento feito pela comissão jurídico-trabalhista da Febraban revela que, até maio deste ano, nove grandes bancos do país já somavam 39.515 ações trabalhistas de funcionários e ex-funcionários. As manifestações de assédio variam de uma empresa para outra. Em algumas instituições, a discriminação sexual é um forte mecanismo de humilhação que acarreta demissões infundadas. É o caso do ex-bancário Antonio Ferreira, que em 2004 foi demitido pelo Bradesco por orientação sexual.


 


Nervosismo, tensão, dores de cabeça, insônia e tristeza estão entre as principais conseqüências dos constrangimentos. A pesquisa revela que 60,72% dos profissionais se dizem nervosos, tensos e preocupados. O quadro revela, portanto, que a saúde é a área mais afetada na vida dos trabalhadores assediados moralmente.


 


A Minuta de Reivindicações da Campanha 2006 prioriza o combate às humilhações e espoliações pelas quais passam a categoria. O fim da extrapolação de jornada, do acúmulo de atividades e da discriminação no ambiente de trabalho elencam as ações que visam o extermínio total e definitivo do assédio.


 


Protesto
Em mais um ato de protesto contra o assédio moral, o Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região promove nesta terça-feira (12/9), no Bradesco da Praça Osvaldo Cruz, uma paródia ao circo internacional que tem patrocínio do banco no Brasil. O “Circo de Só LER” apresenta um espetáculo com artistas circenses de verdade, para mostrar a realidade dos que fazem malabarismos diariamente para cumprir as metas do banco. LER é a sigla de Lesões por Esforço Repetitivo.


 


Na quarta-feira, acontece a reunião de saúde entre representantes dos bancários e da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), quando os trabalhadores vão cobrar dos banqueiros melhores condições de trabalho. “O reconhecimento de que existe assédio moral foi uma importante conquista dos bancários durante a última rodada de negociação (em 29 de agosto), diz Walcir Previtale Bruno, secretário de Saúde do Sindicato e funcionário do Bradesco.


 


“Agora, precisamos tirar do bancário o medo de denunciar”, reforça Walcir. “Quem está no trabalho precisa saber que há muito assédio – e que muitos bancários adoecem, todos os dias, por causa das péssimas condições de trabalho”. Para o presidente do sindicato, Luiz Cláudio Marcolino, é importante avançar também na isonomia de direitos, outra reivindicação prioritária dos bancários. “Dar os trabalhadores afastados por problemas de saúde ocupacional os mesmos direitos dos da ativa é fundamental.”