Correlação de forças na próxima Câmara: o que muda
Por Bernardo Joffily
A correlação das forças presentes na Câmara dos Deputados não sofreu grandes mudanças, apesar da renovação de quase a metade — 246 num total de 513 deputados. O PT perdeu oito deputados comparado com a eleição de quatro anos atrás
Publicado 02/10/2006 20:44
O gráfico e a tabela tomaram como base a tabulação feita pelo O Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar). Clique aqui para ver.
Em relação às bancadas atuais, em fim de mandato, o PSDB ganhou seis cadeiras e o PFL apenas um deputado federal. Isto para não falar da era Fernando Henrique Cardoso, quando os dois aliados conservadores somavam mais de duas centenas de deputados.
O bloco Pró-Lula e o grande centro
O bloco pró-Lula passou de 125 deputados federais, nas eleições de 2006, para 123 nas do domingo passado. O PT perdeu para o PMDB a condição de maior partido da Casa.
A grande área dos quatro partidos do centro manteve exatamente os seus 176 deputados federais. Dentro dele, o PMDB ganhou 14 cadeiras, de 75 para 89, e tem a maior bancada da Câmara. Já o PP, PL e PTB, mais profundamente afetados pelo escândalo do chamado mensalão, tiveram um baque e reduziram a soma de suas bancadas de para 101 para 87 cadeiras.
Redutos: o PSDB é paulista, o do PFL baiano
PDT, PPS e PV formam na Câmara uma área que chamamos “oposição extra-bloco”: hostis ao governo Lula, rejeitam a pecha conservadora que caracteriza a união PFL-PSDB mas têm atuado e votado em unidade com ela. Essa área passou de 41 para 59 deputados, 14 cadeiras a mais. A eles é justo somar os três deputados eleitos pelo PSOL.
A tabela acima mostra as bancadas de cada partido na eleição de 2002 e na do último dia 1º, discriminando as de cada estado. Chama atenção que os tucanos fizeram quase um quarto de sua bancada (17 em 65) num único estado: São Paulo. Já o PFL tem o seu reduto na Bahia, onde fez 13 federais, um terço do total de deputados baianos e um exatamente um quinto da sua bancada partidária. As outras legendas tiveram suas bancadas mais bem distribuidas.
O índice de renovação na Câmara chegou a 47,95%: 246 deputados novos assumirão no início de 2007, contra 267 que se reelegeram. O fato em si não tem viés positivo ou negativo, mas pode ser atribuído aos escândalos de corrupção que tiveram a Câmara como epicentro.