Em SP, Lula diz que o blefe (dos tucanos) tem perna curta

Em atividade nesta terça-feira em São Paulo, Lula comparou a disputa eleitoral como uma partida de truco, na qual o tucano Geraldo Alckmin teria blefado durante o debate de domingo. “O blefe tem perna curta. Você blefa uma, duas, três vezes

O presidente e candidato à reeleição pelo PT, Luiz Inácio Lula da Silva, subiu o tom de ataques ao PSDB ao discursar nesta terça-feira, 10, em cima de um caminhão de som, em Guarulhos, na Grande São Paulo, deixando claro que pretende reverter a percepção de que o tucano Geraldo Alckmin surpreendeu e saiu-se melhor no debate realizado no domingo na TV Bandeirantes.


 


Para uma grande platéia, formada por milhares de pessoas, nitidamente afinadas com sua candidatura, Lula declarou que o segundo turno é positivo para o Brasil, porque poderá colocar frente a frente os “dois projetos” de nação vislumbrados por cada um dos candidatos. “Já derrotamos esse projeto e vamos derrotar outra vez no dia 29 de outubro”, bradou.


 


Para se confrontar ao PSDB, o presidente da República disse que os tucanos comandam o País desde o descobrimento. “Desde que Cabral pôs o pé aqui, eles (tucanos) governam este País. Governam desde as Capitanias Hereditárias até o Império. E até a República: Entra um e sai outro”, discursou.


 


Lula afirmou ainda que o projeto de governo dos tucanos envolve privatizações, a redução dos salários dos trabalhadores, provoca “sufoco dos aposentados” e que não foi capaz de construir nenhuma universidade durante os oito anos do governo Fernando Henrique Cardoso.


 


Além disso, ele acusou Alckmin, sem citá-lo nominalmente, de não cuidar nem da segurança pública e nem da Febem no Estado de São Paulo. “É o projeto que, mais recentemente, acabou de privatizar a empresa de transmissão de energia elétrica do Estado de São Paulo”, acrescentou.


 



Apagão e educação


 



Aproveitando o tema da energia, o presidente lembrou o racionamento de energia que o País enfrentou em 2001 para também atacar Alckmin. “É o projeto do apagão, que acabou a energia, que obrigou a gente a economizar e, depois, pagar a energia que nós usamos”, acentuou, acrescentando, em seguida, que, na política externa, a administração FHC era de “subordinação aos países ricos”.


 


Em contraposição, Lula disse que o projeto do PT é de combate à corrupção “em todos os níveis”, inclusive de “companheiros que se meteram com a corrupção”. “Não é projeto de jogar as coisas embaixo do tapete”, insistiu.


 


Ele também elogiou os investimentos do governo federal no setor de Educação, principalmente em universidades, declarando que apenas o governo de Juscelino Kubitschek investiu “perto de nós”.


 



Melhores condições


 



Lula insistiu que a atual administração é quem garante as melhores condições para que os sindicatos obtenham maiores reajustes salariais; disse ser um governo de inclusão social e, ao mesmo tempo, de inclusão digital; e que trabalha para que os mais pobres tenham condições de se alimentar adequadamente três vezes ao dia. “Não queremos a divisão do País entre ricos e pobres, até porque nós não queremos ser pobres e queremos melhorar de vida”, discursou. “A divisão do mundo (entre ricos e pobres) foram eles que criaram, não nós”, afirmou, em novo ataque ao PSDB.


 


De acordo com o presidente, caberá ao povo escolher entre a “volta ao passado” ou “continuar a conquistar direitos no País”.


 


Em seguida, Lula disse que, enquanto os tucanos estão preocupados com os grandes proprietários de terra, o governo do PT está interessado na agricultura familiar e, além disso, no controle da inflação, rogando para a atual administração o controle inflacionário e dizendo que, se Alckmin for vitorioso, a elevação de preços voltará.


 


“Truco”


 


Por fim, o presidente repetiu a metáfora utilizada na manhã desta terça, com a bancada de Minas, comparando a disputa dele com Alckmin como uma partida de truco, na qual o tucano teria blefado durante o debate de domingo. “O blefe tem perna curta. Você blefa uma, duas, três vezes, mas, quem joga truco, sabe que, uma hora, toma um seis e vai ter que recuar”, comentou, numa ameaça a rebater os ataques de Alckmin.


 


“Faltam 20 dias para a oncinha beber água outra vez. E não adianta virem com calúnia e mentiras, porque estou calejado”, concluiu o presidente, em seu discurso com 10 minutos de duração, pedindo, em seguida, que a militância ocupasse espaço em São Paulo e ganhasse votos.


 


Avanços econômicos


 


Mais tarde, o presidente Lula voltou a defender a associação entre desenvolvimento econômico e desenvolvimento social no comício que realizou no Clube de Regatas Tietê, zona Norte de São Paulo. “A economia é correta quando a gente avalia a participação da sociedade no bolo econômico. Só faz sentido fazer o bolo crescer se a população puder comer um pedaço”.


 


Lembrando que o segundo turno permite que os dois projetos de governo em disputa fiquem mais claros, Lula afirmou que “de um lado estão aqueles que só sabem contrair dívidas e vender o patrimônio publico. Nosso projeto é de desenvolvimento econômico com distribuição de renda. Por isso, vamos ganhar essas eleições nas ruas”. O presidente foi além e disse que os adversários tentaram criar um caos político no país, “o mesmo caos que levou Getúlio Vargas à morte”.


 


Lula também destacou a política externa do Brasil, que deixou de depender exclusivamente dos Estados Unidos, e avançou nas relações comerciais com o México, China, Venezuela, Índia e Rússia. “Diversificamos os nossos mercados”, explicou. Sobre o dossiê Vedoin, Lula reiterou que quer saber mais do que ninguém de onde veio o dinheiro e que incentivou as investigações para esclarecer os fatos à sociedade.


 


Ele se disse espantando com o que chamou de “grosseria” do adversário, Geraldo Alckmin no debate do último domingo, 8. “Poucas vezes vi na vida tanta grosseria, tratamento impiedoso e ódio na cara de um adversário como vi [em Alckmin] no domingo. Aquilo não era divergência: era ódio, era raiva.”


 


O candidato petista chamou os militantes, maioria na platéia, a se unirem para deter o que chamou de “mal maior”. “Ou nós nos juntamos e ganhamos essa parada, ou teremos um retrocesso”, disse.


 


Lula estava acompanhado dos ministros Luiz Marinho (Trabalho) e Luiz Dulci (Secretaria Geral), pelo coordenador de sua campanha e presidente nacional do PT, Marco Aurélio Garcia, pelos senadores Aloizio Mercadante e Eduardo Suplicy, pela ex-prefeita de São Paulo, Marta Suplicy, por atistas e por cinco prefeitos de municípios paulistas.


 


Da redação,
com agências