Equador: Pesquisas indicam 2º turno; Rafael Correa contesta

As eleições presidenciais do Equador irão para o segundo turno, segundo três pesquisas de boca-de-urna divulgadas por emissoras de televisão locais logo após acabar as votações deste domingo (15/10). Nos números, o magnata Álvaro Noboa foi o mais votado,

As enquetes afirmam que há uma leve diferença de 2,03 pontos no máximo entre Noboa e Correa, o que representa praticamente um empate técnico entre os dois. Segundo pesquisa de boca-de-urna divulgada pelo canal Teleamazonas e realizado pela empresa Informe confidencial, Noboa obteve 28,5% dos votos contra 26,5% dados a Correa.


 


Outro estudo, este da companhia Market, deu a Noboa 28,23% dos votos e a Correa, 27,17%. Já a empresa Cedatos-Gallup anunciou 27,6% da votação para Noboa e 25,5% para Correa, ao concluir o primeiro turno da votação.


 


Para Correa,  há fraude
Rafael Correa se declarou vencedor do primeiro turno, contestando os índices das três pesquisas. “Estes resultados são falsos. Vencemos com pelo menos dois pontos de vantagem”, afirmou. “É um momento de muita alegria e esperança”.


 


“Faço um apelo a todos os meus seguidores a ficarem atentos porque a atual situação pode levar a oligarquía a consumar a fraude”, afirmou para dezenas de simpatizantes em sua sede de campanha. Correa lembrou o caso da Bolívia “em que esta mesma oligarquia organizou a boca-de-urna dando a Evo Morales 35% durante o dia – e o atual presidente boliviano acabou ganhou com 53% dos votos”.


 


O candidato reiterou as críticas ao ex-chanceler argentino Rafael Bielsa, chefe dos observadores da Organização de Estados Americanos (OEA) no país. Correa previu, no entanto, que num eventual segundo turno, “todos os partidos vão se unir” contra ele. “Mas venceremos”, prometeu em meio aos vivas de seus partidários.


 


Tendências
A surpresa do pleito foi a distância a que Noboa e Correa ficaram do social-democrata León Roldós, que parecia estar na disputa pelo segundo lugar – e, no entanto, foi superado inclusive em uma das três pesquisas pelo populista Gilmar Gutiérrez, irmão do deposto presidente Lucio Gutiérrez.


 


Noboa ascendeu nos últimos dias, tirando de Correa a possibilidade de alcançar a presidência no primeiro turno, como indicavam antes as intenções de voto. Roldós foi deslocado por Noboa ao terceiro lugar, com níveis de 14,32% (Market) e 15,59% (Informe Confidencial). Todas as pesquisas coincidem em que a candidata da direita Cynthia Viteri, a única mulher a participar da eleição presidencial para o período 2007-2011, ficou em quinto lugar (de 9,93% a 10,80%).


 


Correa, a esquerda presente
A esquerda está representada nas eleições por um economista de 43 anos, aliado do venezuelano Hugo Chávez. Rafael Correa chegou à política num momento de ebulição, quando milhares de equatorianos decepcionados expulsaram do poder o presidente Lucio Gutiérrez em abril de 2005. Crítico dos Estados Unidos, Correa enfrenta, agora, disputa acirrada com o ultradireitista Alvaro Noboa nas eleições previstas para 26 de novembro.


 


Correa encerrou a campanha rejeitando a presença militar americana, ameaçando adotar moratória da dívida externa e anunciando a revisão de contratos com as empresas de petróleo. Advertiu que revisará o acordo pelo qual Washington opera a base de Manta – o principal posto de controle antidrogas no Pacífico, considerado a ponta-de-lança da luta americana contra a guerrilha colombiana.


 


Assinado há sete anos, o convênio expirará em 2009. Correa já anunciou que, se o presidente George W. Bush -a quem qualifica de “torpe” – quiser manter as tropas, terá de aceitar primeiro a instalação de uma base equatoriana em Miami. “Manteremos relações de absoluto respeito, mas o acordo será revisto. Não nos envolveremos no Plano Colômbia”, assegurou o candidato, que lidera as intenções de voto.


 


Revisões
“Vamos revisar os contratos de pretróleo e renegociá-los, pois muitos deles têm representado um atraso para o país. Não foi apenas a (companhia petrolífera) Oxy, outros também têm o costume de romper com a lei”, expressou recentemente, em entrevista coletiva.


 


Argumentando violação da lei, o governo de Alfredo Palacio declarou em maio a caducidade do contrato que permitia à americana Occidental Petroleum (Oxy) explorar cerca de 100.000 barris diários de petróleo na Amazônia equatoriana.


 


No Equador operam cerca de 20 multinacionais, entre elas a EDC (Estados Unidos), a Perenco (França), a Repsol-YPF (Espanha), a Petrobras (Brasil) e a CNPC Amazon (China).