Lula vai mudar diretoria do BC, diz Fernando Pimentel

No comando da maior capital administrada pelo PT e apontado como um dos ministeriáveis na segunda gestão de Lula, o economista e prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel, disse que Guido Mantega será mantido no Ministério da Fazenda e “certamente” os

Crítico da política de juros do Banco Central, Pimentel é um dos principais nomes do PT para concorrer ao governo de Minas Gerais em 2010. Na gestão em Belo Horizonte, é bem avaliado –tem 65% de ótimo/bom, segundo pesquisa Datafolha.



Em entrevista publicada na Folha de S.Paulo desta quinta-feira (2/11), o prefeito fala sobre economia, seu futuro político e o PT. Confira alguns trechos:



O senhor é um ministeriável, embora diga que quer cumprir seu mandato na prefeitura até 2008. Como economista, como avalia a economia do país hoje?
Está em um bom caminho. É o que o presidente Lula falou na campanha: todas as pré-condições para o Brasil crescer estão dadas. O que tem que fazer? A primeira coisa, que já está ficando lugar-comum, mas tem que ser repetido à exaustão, é que tem que reduzir rapidamente a taxa básica de juros.



Essa cobrança não deixa na berlinda o presidente do BC?
Acho que o presidente do BC é suficientemente preparado e inteligente para perceber que o momento mudou e que a política monetária tem que mudar. Agora, se os seus diretores não concordarem com isso, então tem que trocar. Mas vai trocar, porque o mandato deles está vencendo agora, dia 31 de dezembro. Então vai ter uma troca geral ali da diretoria.



Acha que Meirelles fica?
Não sei. Isso aí compete ao presidente. Acho que ele fez um bom trabalho no BC nesses quatro anos. O sujeito pode reclamar que o juros estão muito altos, mas ele representou um ponto de equilíbrio muito importante no governo. Agora, ele é um homem adequado para ficar nesse novo contexto? Não sei. De repente pode ser ele, porque políticas econômicas o sujeito pratica outra, muda. Não está carimbado na testa dele que vai ser eterno defensor de juros elevados.



Se o senhor tivesse que apostar na permanência do Mantega e do Meirelles, diria que eles ficam?
É chato falar assim. O Guido vai ficar, o presidente já me falou. Ele disse para mim que ia fazer aquela nota [sobre Mantega] porque eu comentei com ele que toda vez que vou a Brasília fica a conversa de que vou ser ministro [da Fazenda]. É desagradável. O Meirelles não sei. É delicado porque o presidente vai tomar essa decisão. Não quero também profetizar nada, não quero sugerir nada, mas acho que a diretoria, o corpo atual do BC, certamente não permanecerá. Porque o mandato está terminando. O Meirelles de repente fica: o presidente gosta dele, tem confiança nele e é grato, porque ele teve um papel importante.



O PT está muito autocentrado?
O PT tem uma história que é muito dele. Criamos o PT em plena ditadura, o PT herdou uma grande herança dos grupamentos clandestinos da esquerda, da história da esquerda brasileira e mundial. Não tenho nada contra isso, tenho até orgulho que tenha sido assim. Mas acho que não deve ser mais assim, porque mudou. Daqui para frente, tem que ser um outro partido. Acho que tem que ser um partido de massas. É um partido que terá que ter – já tem, mas que terá que aprofundar isso – um profundo compromisso com as transformações sociais, com a luta pela igualdade social, pela via institucional, pela via republicana. Portanto afastando qualquer tentativa de comportamentos extralegais.