Lula cobra coerência dos banqueiros e critica excessos da imprensa
Em encontro com grandes empresários na noite desta segunda-feira (6), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu a atual política econômica, criticou o que vê como “hipocrisia” da sociedade brasileira, cobrou banqueiros que votaram na oposiçã
Publicado 07/11/2006 04:23
“De vez em quando a humanidade precisa deixar a hipocrisia de lado. Durante a campanha eu era obrigado a defender os bancos e vocês (empresários) votaram neles (oposição)”, disse Lula aos empresários, entre eles dirigentes de grandes bancos.
A afirmação, em tom de brincadeira, provocou risos. “Mas vocês saudáveis dão menos prejuízo do que se eu tivesse de fazer um Proer”, completou o presidente, referindo-se ao programa de socorro financeiro aos bancos instituído durante o governo de seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
Ao tratar da relação entre o governo e a mídia, o presidente atacou: “as pessoas aprendem entre a verdade e a mentira. O povo percebeu da mesma forma que um dia entendeu que precisava fazer greve, promover as “Diretas Já” e cassar um presidente. Desta vez, o povo foi para a rua porque estava percebendo que estavam tentando tirar alguma coisa dele.”
Depois de elogiar a postura de Carta Capital , o presidente afirmou que nunca intercedeu junto aos meios de comunicação para pedir proteção a seus auxiliares, mas criticou o que vê como excessso, fazendo paralelo com os tempos de censura. “Antigamente era proibido falar contra o governo. Agora é proibido falar a favor”.
De acordo com Lula, durante o processo eleitoral criou-se um sofisma segundo o qual ele estaria interessado em rachar o País. “Não fui eu que dividi o país. Ele já estava dividido. E lamentavelmente nasci do lado pobre.”
Lula destacou que recebe “com o mesmo sorriso” tanto banqueiros e líderes de diversos segmentos da economia, mas destina aos catadores de papel o mesmo tratamento dispensado aos empresários.
Ao final do discurso, o presidente que passou boa parte do período pré-eleitoral falando contra a privatização cometeu um ato falho que também provocou risos na platéia. Depois de elogiar as grandes empresas participantes do evento, Lula fez um discurso em favor da promoção de negócios no Exterior. “Não tenho vergonha de sair pelo País vendendo nossas empresas”, disse Lula. Ao preceber a reação da platéia, corrigiu rapidamente: “Empresas não, produtos.”
Fonte: Globo Online