Americanos dizem não a Bush

A vitória da oposição democrata nas eleições legislativas de terça-feira nos Estados Unidos refletiu a rejeição à política do presidente George W. Bush, em especial no Iraque, mas o poder de mudar as coisas a partir do Congreso será muito limitado, consid

“Isso é uma resposta direta à impopularidade crescente da guerra no Iraque”, ressaltou o analista Larry Sábato, professor da Universidade da Virgínia ao comentar a vitória democrata que retirou dos republicanos, pela primeira vez em 12 anos, o controle da Câmara de Representantes.


 


Cerca de 6 em cada 10 consultados disseram que não concordavam com a forma pela qual a ocupação no Iraque é conduzida e, de um ponto de vista mais global, com a política de Bush.


 


Este resultado coloca o presidente em uma situação pouco confortável para seus dois últimos anos de governo, nos quais deverá lidar com uma Câmara de Representantes de oposição e em um período no qual ocorrerá a definição da sucessão na Casa Branca.


 


“A pessoas já estão fartas de Bush, querem uma mudança de política e culpam os republicanos pelos problemas” do país nestes últimos anos, opinou Darrell West, professor na Universidade Brown.


 


Andrew Kohut, diretor do famoso instituto de pesquisas Pew, disse à emissora estatal National Public Radio (NPR) que a votação refletiu “a ira dos eleitores”, em particular dos independentes que passaram maciçamente para o campo democrata.


 


Os democratas, derrotados na eleição presidencial de 2004 que reelegeu Bush, puseram um fim a 12 anos de hegemonia republicana na Câmara.


 


O controle do Senado, em troca, permanecia incerto na madrugada desta quarta-feira, e os democratas precisavam ganhar os dois últimos assentos em disputa (um na Virgínia e outro em Montana).


 


Na opinião desses acadêmicos, os democratas terão pouca margem para impor mudanças radicais frente ao poder de veto do presidente e inclusive — possivelmente — frente a um senado republicano.


 


A nova maioria na Câmara de Representantes será incapaz de forçar uma retirada do Iraque, já que a condução das operações militares é prerrogativa do chefe de Estado.


 


“Nós nos encaminhamos para impasses” entre o legislativo e o executivo, frisou Sábato, que antecipa a multiplicação de “inquéritos (legislativos). A capacidade de fazer com que as autoridades do governo compareçam (à Câmara) será o principal poder” dos democratas, ansiosos em obrigar as autoridades a prestar contas sobre os erros no Iraque e em outros locais.


 


Mas, além disso, o Congresso será a plataforma de lançamento, já desde esta quarta-feira, daqueles que aspiram a entrar na corrida presidencial de 2008, opinam os analistas.


 


“Podemos esperar que democratas e republicanos comecem a delinear seus programas de campanha de 2008 e nenhum deles terá interesse em interferir em temas que possam ter uma influência negativa” em suas ambições, afirmou Paul Light, professor da Universidade de Nova York.


 


Hoje, a corrida para a Casa Branca está aberta e entre oito ou até nove pré-candidatos poderão surgir em cada partido, considerou Darrel West.


 


Entre eles se sobressaem, pelo lado democrata, a senadora e ex-primeira dama Hillary Clinton, seu colega de Chicago, Barack Obama, e o ex-candidato à vice-presidência John Edwards.


 


E entre os republicanos, o senador republicano John McCain e o ex-prefeito de Nova York Rudolph Giuliani, aparecem com chances de disputar a corrida para o Salão Oval.