Sandinismo vence pregando paz e reconciliação

Por Néstor Marín*
A inquestionável vitória de Daniel Ortega nas urnas da Nicarágua é o coroamento de uma campanha eleitoral em que ele fez da paz e da reconciliação as novas bandeiras de combate do sandinismo. Desde o início da campanha presidencial, e

Para exorcisar os fantasmas do passado, causadores de suas três derrotas anteriores para a presidência, o líder sandinista recorreu a um discurso conciliador, livre de revanchismo. Ficaram para trás os discursos em manifestações massivas de outrora, para dar lugar a caminhadas por bairros e cidades. Ali Ortega oferecia, com voz pausada e freqüentes menções a Deus, os detalhes de seu programa de governo.



Meta: tirar a Nicarágua da pobreza



Usando linguagem clara e cifras contundentes, o ex-presidente (1984-1989) explicava que o neoliberalismo imposto pelos governos dos últimos 16 anos é o único culpado pela colocação da Nicarágua como o segundo país mais pobre do continente (depois do Haiti).



''A FSLN é o único partido capaz de tirar a Nicarágua da pobreza'', afirmava Ortega, e pedia a simpatizantes e adversários que lhe dessem uma nova oportunidade de demonstrá-lo sem ter que enfrentar as guerras e agressões de seu governo nos anos 80.



A direita dividida



Os dois partifdos de direita — Partido Liberal Constitucionalista (PLC) e Aliança Liberal Nicaraguense (ALN) — se desgastaram em uma luta frontal pelos votos das fragmentadas fileiras liberais.



Às lutas internas pelo poder e às defecções políticas, somou-se uma campanha suja que prejudicou a imagem dos dois candidatos direitistas, cada um dos quais se apresentava como o único capaz de vencer Ortega.



Tanto Eduardo Montealegre (ALN) como José Rizo (PLC) se concentraram mais em pregar aos eleitores que era preciso vencer Ortega que em explicar os seus planos para atacar a pobreza, que afeta tanto sandinistas como liberais.



''Devemos trabalhar juntos''…



Ortega elegeu-se presidente com menos de 40% do total dos votos (obteve mais de 40% dos votos válidos e de 5 pontos de vantagem sobre o segundo colocado, Montealegre). Enfrenta gora o desafio de cumprir, ''em paz e reconciliação'', todas as suas promessas. Consciente disso, e fiel a sua campanha, o presidente eleito já estendeu as mãos aos adversários, propondo que trabalhem juntos pelo bem do país.
''Aqui não podemos ficar falando de vencedores e perdedores, mas de um processo em que todos devemos trabalhar juntos, pelo bem da Nicarágua'', disse Ortega em sua primeira declaração depois de confirmada a sua eleição.



Ele conclamou todos a ''dar à Ninarágua um sinal de estabilidade, um sinal de que, acima de nossas posições política, pesa em primeiro lugar esye compromisso que temos, de tirar o país da pobreza''.


 


* Intertítulos do Vermelho