Evo denuncia golpe institucional da oposição na Bolívia

O presidente da Bolívia, Evo Morales, disse nesta quarta-feira (22/11) que o principal partido de oposição a seu governo cometeu um golpe institucional contra a democracia ao abandonar o Congresso, e que isso pode levar ao fracasso da reforma agrária e da

A saída da aliança direitista Poder Democrático e Social (Podemos) não afeta a Câmara, onde o governo tem maioria, mas paralisa o Senado, com graves prejuízos econômicos ao governo nacional e às regiões, disse Morales à imprensa no dia seguinte à decisão da oposição.



“Quero pedir ao povo boliviano que perceba este golpe institucional contra o Congresso, contra a democracia”, afirmou o presidente, que também enfrenta dura oposição dos governadores a seus planos de refundar a Bolívia com uma assembléia constituinte instalada em agosto.



Atualmente, quatro colunas de camponeses se dirigem a La Paz, onde pretendem pressionar o Senado a aprovar uma lei que acelera a distribuição de terras improdutivas. A principal dessas marchas, iniciada no final de outubro, chegou na quarta-feira a Cochabamba, metade do trajeto de quase mil quilômetros entre Santa Cruz e La Paz.



“Aqui estamos, caminhando mais de três semanas, e não a bordo de carros luxuosos nem de tratores”, disse em Cochabamba o líder indígena Pedro Núñez, em referência à marcha de tratores realizada na terça-feira por agropecuaristas de Santa Cruz, contrários à “revolução agrária” de Morales.



Divisão e entraves
O governo tem ampla maioria na Câmara, mas o Podemos tem 13 dos 27 votos no Senado, além do apoio do único senador de um partido centrista minoritário. Há outros 12 senadores governistas e 1 de um partido independente de centro-esquerda.



“Estamos diante de imposições das minorias que foram derrotadas nas eleições nacionais, municipais e constituintes, e agora querem que este processo de mudança fracasse”, afirmou Evo.



Segundo ele, a paralisia do Senado impedirá a ratificação de 44 novos contratos de operação firmados no final de outubro com multinacionais de petróleo, inclusive a Petrobras. “Os que privatizaram e leiloaram este recurso natural não querem a nacionalização; se não aprovarem estes contratos, essenciais para consolidar a nacionalização do petróleo, não haverá investimentos.”



O presidente disse ainda que a obstrução impedirá a ratificação de dois empréstimos do Banco Interamericano de Desenvolvimento, no total de US$ 43 milhões, e a liberação de centenas de milhões de dólares para as regiões beneficiadas pela nacionalização dos combustíveis.



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