O Congo de Joseh Kabila, 4 anos e 4 milhões de mortos depois

Por Armando Reyes, na agência Prensa Latina
No domingo que vem (10), quando Josepg Kabila tomar posse em seu segundo mandato como presidente da República Democrática do Congo, precisará de um apoio especial para tirar o país da ruína. Segundo os analis

A herança recebida é desoladora. Apesar das potencialidades da nação, foi impossível desenvolve-las em anos de guerra, corrupção e uma administração deplorável.



O país, conhecido como Congo Kinshasa, tem 34% das reservas mundiais de cobalto, 10% das de cobre, muito urânio, ouro e petróleo. Possui uma riqueza de launa e flora, ao longo do curso do Rio Congo, que só perde em magnificência para o Amazonas sul-americano. Poderia se converter em breve numa referência africana quanto a melhorias econômicas e sociais.



O próximo governo deverá se concentrar na busca de fórmulas que beneficiem a grande maioria dos 60 milhões de congoleses, que vive em situação paupérrima.
Segundo dados oficiais, 75% da população possui renda de até um dólar por dia. Menos de um quinto têm acesso regular a água tratada e eletricidade. A mortalidade infantil é de 205 por cada mil nascidos vivos (no Brasil o pior índice, em Alagoas, é de 53,7 por mil). Há mais de 1 milhão de crianças órfãs devido à aids.



A guerra de 1998-2003 apenas aguçou uma pobreza que nenhum governo anterior chegou a erradicar. Desde a independência da metrópole belga, em junho de 1960, o país não conhece a paz e a tranqüilidade devido a lutas internas pelo poder.



Os primeiros líderes da era pós-colonial foram Joseph Kasavubu, presidente, e Patrice Lumumba, primeiro ministro. Foram postos em xeque por Tshombé, com uma rebelião na rica província de Katanga, e pela conspiração do coronel Mobutu Sese Seko.



Mobutu chegou à presidência e exerceu-a como um ditador, de 1965 a 1997. Terminou derrubado por um movimento popular encabeçado por Desiré Kabila, pai de Joseph.



Em janeiro de 2001, Laurent foi assassinado por um dos seus guarda-costas. Seu filho assumiu o governo. Abriu um caminho visando deixar para trás os sofrimentos de uma guerra que os estudiosos chamaram “Guerra Mundial Africana”, pelo número de países envolvidos e por ter feito 4 milhões de mortos.



Seus esforços deram resultados. Conseguiu reduzir a 7% uma inflação que chegou a ser a mais alta do mundo, 500%. Reatiuvou a indústria mineradora, fez o país crescer e obteve créditos junto a organismos internacionais (FMI e Banco Mundial).



Em 2005 o PIB (Produto Interno Bruto) do Congo Kinshasa cresceu 5%, atingindo us$ 7,2 bilhões. Mas isso ainda não basta para concretizar programas de ajuda que atinjam a maioria.



Ao ser reeleito, diretamente, Kabila convocou todos os congoleses à reunificação, à eliminação da xenofobia, do tribalismo, da intolerância, da exclusão, da corrupção e da injustiça sob todas as suas formas. Mas os congoleses esperam muito mais de Joseph Kabila, primeiro governante eleito pelo povo, em eleições livres e transparentes. A fome, as doenças e a falta de oportunidades não podem esperar mais por uma solução definitiva.