Cebrapaz discute integração sul-americana em Cochabamba

Organizada pelo Cebrapaz (Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz), aconteceu hoje pela manha, no âmbito da “Cumbre Social pela Integração dos Povos” –  que ocorre simultaneamente a reunião de Chefes de Estado da Comunidade Sul-a

Com grande assistência do público, que superlotou uma sala do Instituto Americano de Cochabamba, onde corre a “Cumbre”, a mesa contou com a participação de Ronaldo Carmona, diretor do Cebrapaz; Jorge Kolle, diretor do Jornal Unidad e histórico militante e fundador do Partido Comunista Boliviano; Alfredo Holguin, da Campanha Colombiana contra a ALCA e o TLC; Ezequiel Dadamo, do Movimento Libres del Sur, da Argentina e Rodrigo Nobile, da CLACSO (Conselho Latino-americano e caribenho de Ciências Sociais). Diversas entidades também prestigiaram a atividades, dentre elas a CUT, a UNE, a OCLAE, a FUP e o Sindicato dos Professores de Cochabamba, dentre outras entidades locais.


 


Novo momento faz avançar a integração


 


Falando em nome do Cebrapaz, Ronaldo Carmona começou valorizando que a luta pela integração da América Latina se da a luz de uma nova realidade: das 11 eleições presidenciais realizadas na região entre dezembro de 2005 e dezembro de 2006, a direita neoliberal foi derrotada em 9 delas. Nas duas que venceu com “cara própria”, disse Carmona, ainda assim registrou-se avanços das forcas progressistas (caso da Colômbia) ou a vitória foi obtida devido a descarada fraude (caso do México).


 


Assim, declarou Carmona, “não obstante a interpretação das forcas neoliberais salientarem uma divisão da América Latina, o fato central a destacar é a contundente derrota dessas forcas, cujo programa foi rejeitado pelo povos”. O fato, segundo Carmona, destaca “a afirmação de uma tendência progressista, democrática e que valoriza a questão nacional, como marca dessas novas forcas, não obstante o fato que distintas formações nacionais e sociais, bem como os distintos nível de acumulação de forcas trazem distintas velocidades na afirmação dessa tendência”.


 


A seguir, o diretor do Cebrapaz defendeu a idéia que neste novo momento político favorável a luta pela integração, deve ter como marca o aprofundamento desta. Assim, Ronaldo Carmona propôs “seis grandes dimensões” nas quais devem se dar esse novo marco de integração solidária:


 



  1. Busca a constituição de um Pólo independente e soberano na América do Sul, contra-hegemônico, que conteste o mundo unipolar;

  2. Ter o desenvolvimento como centro do processo de integração sul-americana, impulsionando o crescimento econômico, a integração física e de infra-estrutura e a integração energética, levando adiante idéias como o Gasoduto do Sul, a Petrosul e a interligação dos sistemas de energia;

  3. Ter em conta como questão importante a sustentabilidade ambiental, tendo em vista que é o capitalismo o grande responsável pela deterioração da qualidade de vida de nossos povos;

  4. Aprofundar a democracia, os mecanismos de participacao popular nos debates da CASA e novos mecanismos como o Parlamento Sul-americano;

  5. Impulsionar as conquistas sociais e a valorização do trabalho como eixo fundamental para ser a integração instrumento da melhoria da vida de nossos povos; e finalmente,

  6. Valorizar a cultura e a identidade nacional de cada um de nossos povos – segundo suas distintas formações sociais – num contexto de reafirmação da questão nacional em oposição ao cosmopolitismo pós-moderno da globalização neoliberal.

 


Integracao como grande objetivo de nossos povos


 


Jorge Kolle, da Bolívia, acentuou o fato de que “a integração não é somente um objetivo de curto prazo, mas estratégico” e aproveitou para valorizar o momento político novo que vive seu país a partir da eleição de Evo Morales.


 


Alfredo Holguin, da Colômbia, observou o fato de que “há algum tempo, propostas como a Petrosul poderiam soar como grandiosas ou mesmo quixotesca, mas as transformações observadas em nossa região vão as tornando realidade”.


 


Já o argentino Ezequiel Dadano opinou que é impossível soluções nacionais fora do processo de integração sul-americana”, ressaltou a vitória de Lula como sintoma do movimento de resistência e denunciou a ação do imperialismo por obstaculizar os avanços na América Latina.


 


Por fim, Rodrigo Nobile, da CLACSO, destacou que diferente de processos anteriores de integração, a marca da CASA é a interlocução com os movimentos sociais e defendeu a idéia que “não haverá integração enquanto houver bases militares estrangeiras na região”.


 


A “Cumbre Social pela Integração dos Povos será encerrada amanha, com um gigantesco comício no Estádio Felix Carriles, com a participação de vários presidentes sul-americanos. Hoje pela tarde a “Cumbre Social” recebeu a visita de Rafael Correa, novo presidente do Equador, que reafirmou sua disposição de finalizar o contrato da Base de Manta, que os Estados Unidos mantêm no pais como base para as agressões do Plano Colômbia.


 


Da redação, com informações direto de Cochabamba.