Correa anuncia fim de base militar dos EUA no Equador

O presidente eleito do Equador, Rafael Correa, anunciou hoje uma frente comum com a Bolívia para prorrogar as preferências tarifárias que os Estados Unidos concedem aos andinos pela erradicação de drogas e advertiu que não renovará o convênio com Washingt

Correa, que se reuniu na sexta-feira com o presidente boliviano, Evo Morales, espera que Peru e Colômbia, os outros beneficiados pela Lei de Preferências Tarifárias Andinas e Erradicação de Drogas (ATPDEA, sigla em inglês), acompanhem o Equador nas negociações para prorrogá-la.


 


As preferências comerciais “não são esmolas”, mas “a compensação mínima” que os países andinos devem receber por sua luta contra o narcotráfico, ressaltou o presidente eleito equatoriano em entrevista coletiva em Cochabamba, onde assiste à 2ª Cúpula Sul-Americana como convidado.


 


A Câmara de Representantes dos EUA aprovou nesta sexta-feira a extensão desses benefícios comerciais para Bolívia, Colômbia, Equador e Peru até 30 de junho.


 


A iniciativa, que necessita agora do sinal verde do Senado americano, permite uma segunda extensão de seis meses para Peru e Colômbia se o Parlamento americano ratificar os tratados de livre-comércio (TLC) já firmados com esses países.


 


Correa qualificou de “inadmissível” e de “retrocesso de 50 anos na história mundial” que o Congresso americano, até agora controlado pelos republicanos, tenha decidido condicionar a extensão da ATPDEA aos TLC.


 


“Com o novo Congresso controlado pelos democratas será mais fácil negociar”, disse o presidente eleito do Equador. Os democratas questionaram o capítulo trabalhista do TLC que Peru e EUA assinaram em abril passado.


 


“Os democratas têm uma posição muito crítica em relação aos TLC, porque destroem empregos ali e aqui. O desemprego aumenta a emigração e depois constroem muros”, advertiu Correa.


 


“Se as preferências forem concedidas como justa compensação pela luta antidrogas, devem durar enquanto durar a luta antidrogas”, insistiu.


 


O líder eleito coincidiu com Morales em que “não se deve permitir” os condicionamentos para a prorrogação das preferências tarifárias que os EUA outorgam desde 1991.


 


“Nós não assinaremos o TLC, esperamos o novo Congresso democrata e haverá mais espaço para conversar”, especificou.


 


Correa também assegurou que “foram alcançados avanços” na luta contra o narcotráfico em seu país, mas que “aumentou a distribuição através do Equador”, que não é produtor da folha da coca nem de cocaína, ao contrário de Bolívia, Colômbia e Peru.


 


Correa, que assumirá o cargo em 15 de janeiro, anunciou, por outra parte, que não renovará “o convênio de Manta” (que vence em 2009), em alusão à base militar que os EUA têm no Equador.


 


O presidente eleito lembrou que o Equador “é o único país” sul-americano no qual há uma base militar americana, onde militares desse país dirigem desde 1999 operações antidrogas para a região.