França: Partido Socialista expulsa dirigente por racismo

O Partido Socialista francês (PS) afastou neste sábado (27/01) um de seus fundadores e mais altos representantes, George Frêche, por comentários sobre o número elevado de jogadores negros na seleção francesa de futebol.

Presidente da região Languedoc-Roussillon, Frêche teve declarações suas publicadas pelo jornal Midi Libre em novembro passado. Na matéria, ele dizia que tinha vergonha porque nove dos 11 jogadores titulares da seleção eram negros.


 


“Seria normal se tivesse três ou quatro – isso seria um reflexo da sociedade”, disse Frêche, segundo o jornal. “Mas se há tantos, é porque os brancos não são bons. Eu tenho vergonha deste país.”


 


Desde o triunfo na Copa do Mundo de 1998, a França é vista como um modelo de integração com seus jogadores procedentes da África ou do Magrebe. Também por isso, as declarações de Frêche suscitaram uma grande polêmica nos meios político e esportivo


 


O presidente da França, Jacques Chirac, divulgou uma carta que condenava as declarações severamente, “com a maior firmeza”. Diversos políticos de nome do Partido Socialista – incluindo a candidata à presidência Segolene Royal – pediram que Frêche deixasse o partido.


 


Decisão do partido
George Frêche tem 68 anos e estava no PS havia três décadas. Após o escândalo causado pelos comentários, ele anunciou na semana passada que deixaria o partido por três ou quatro meses para evitar manchar as chances de Royal nas eleições presidenciais. Seu ato não foi suficiente.


 


Royal chamou as declarações de Frêche “inaceitáveis e humilhantes” e disse que esperava sua expulsão. Em encontro neste sábado, em Paris, membros do partido votaram pela expulsão de Freche com unanimidade. Eles julgaram seus comentários “incompatíveis com os valores de igualdade e respeito dos diretos humanos”, segundo comunicado divulgado pelo partido.


 


Frêche também foi multado em 15 mil euros por uma corte francesa, na quinta-feira, por ter chamado argelinos que lutaram ao lado da França na guerra de independência da Argélia de “subumanos”.


 


Ele já havia sido suspenso de algumas funções do partido após ter feito esses comentários no ano passado e enfrentou seis meses de prisão, assim como uma multa por “abuso de um grupo de pessoas por sua etnia, raça ou religião”.