Impasse rompido: sexteto conclui acordo sobre crise coreana

As negociações do sexteto sobre a desnuclearização da península coreana levaram nesta terça-feira (13) à assinatura de um acordo em Pequim. É o primeiro passo substantivo, após três anos de crise nas conversações. O documento começou a ser redigido na qui

Conforme a declaração conjunta, dentro dos próximos 60 dias a RPDC fechará e selará suas instalações nucleares em Yongbyon. Interromperá o reprocessamento de urânio. E convidará de volta os inspetores da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica, um organismo da ONU).



Os Estados Unidos, de sua parte, aceitaram iniciar, dentro do mesmo prazo de 60 dias, a retirar a Coréia do Norte da sua lista de Estados “que apóiam o terrorismo” e suspender as sanções comerciais. O país foi incluído em 2002 no “Eixo do Mal” do presidente George W. Bush, ao lado do Iraque e do Irã.



Conforme o acordo, a Coréia do Sul, China, EUA e Rússia vão oferecer 50 mil toneladas de combustível, ou o equivalente em dinheiro. A ajuda chegará dentro do mesmo prazo de 60 dias. Os quatro países contribuirão com partes iguais para custear a operação.



Chanceler chinês leu o documento



A declaração conjunta foi lida pelo vice-chanceler da China, Wu Dawei, que representou Pequim nas negociações e teve um papel proeminente no acordo. “Este processo marca outro firme e importante passo na direção da desnuclearização da península”, disse Wu. Ele agregou que o acordo “é favorável ao processo de paz no nordeste da Ásia e para a melhoria dos laços entre países relevantes”.



As afirmações foram aplaudidas pelos representantes dos seis países, na sessão de conclusão do acordo. A cerimônia foi transmitida ao vivo pela TV chinesa, diretamente da Diaoyutai, uma casa de hóspedes que o governo chinês colocou à disposição do sexteto.



O acordo representou apenas um primeiro passo. Mas Washington e Pyongyang concordaram em iniciar relações bilaterais para resolver os problemas pendentes e avançar no sentido de relações diplomáticas plenas. Para tanto, a administração estadunidense deve deixar de aplicar à Coréia do Norte a sua Lei de Comércio com o Inimigo. Os dois países se enfrentaram durante a Guerra da Coréia (1950-1953), que se concluiu com um armistício e não um tratado de paz, o que os colocam tecnicamente em estado de beligerância.



Grupos de trabalho têm prazo de 30 dias



O acordo prevê a criação de cinco grupos de trabalho, num prazo de 30 dias, para tratar de diferentes temas. O grupo de trabalho sobre a desnuclearização da península da Coréia ficará sob o comando da China. Outros grupos tratarão da normalização das relações EUA-Coréia do Norte; das relações Japão-Coréia do Norte; da cooperação econômica e energética Sul-Norte, sob o comando da Coréia do Sul; e de um mecanismo para a paz e a estabilidade no nordeste da Ásia, sob comando da Rússia.



A próxima rodada de conversações do hexágono foi marcada para 19 de março. A pauta inclui informes sobre a atividade dos grupos de trabalho e a discussão de uma segunda fase de superação da crise.



A parte estadunidense foi ostensivamente reticente na celebração do acordo. “Esta é só uma fase da desnuclearização. Não terminamos”, disse o negociador norte-americano, Christopher Hill. John Bolton, ex-embaixador dos EUA na ONU, disse que não é certo “recompensar” Pyongyang com “enormes carregamentos de combustível pesado”, em troca de desmantelar apenas parcialmente o seu programa nuclear. “É exatamente o sinal errado para eventuais proliferadores (de armas nucleares) mundo afora”, afirmou ele.



Da redação, com agências