Lula e Bush definirão regras para mercado mundial de etanol

A cooperação entre os dois maiores produtores mundiais de etanol pode transformar o produto em uma commodity energética, na opinião de Amorim. Commodities são tipos de produtos cotados internacionalmente, como petróleo e soja. “O mais importante, neste momento, é fazer esta mudança de concepção”.

Os dois países também tratarão de uma futura cooperação tecnológica para produção de biocombustíveis. “Claro que detemos uma tecnologia importante que vai muito além do que está ou não patenteado. Isso tem um valor, nós saberemos valorizar isso, não vamos ficar entregando”, destacou.

Também deve entrar em pauta a possibilidade de produção de etanol em países africanos com tecnologia brasileira e recursos norte-americanos – a proposta foi apresentada aos países ricos pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante o Fórum Econômico Mundial, realizado em janeiro na cidade suíça de Davos.

Protecionismo dos EUA
Atualmente, Brasil e Estados Unidos respondem por 70% da produção mundial, somando cerca de 35 bilhões de litros de etanol por safra. Os norte-americanos produzem etanol a partir do milho, mais caro, enquanto o Brasil prioriza a cultura da cana-de-açúcar.

Pode não ser desta vez, porém, que o Brasil cobrará dos Estados Unidos a redução das altas taxas impostas pelos norte-americanos para a entrada de etanol brasileiro. “Não sei se tudo se resolverá de uma única vez, mas isso não deixará de estar sobre a mesa. Não houve nenhuma negociação prévia em relação a este tema, de modo que não acredito que se resolva agora, mas acho que é algo que virá com o tempo”, disse Amorim.

Na próxima sexta-feira, antes da visita de Bush, Brasil, Estados Unidos, África do Sul, China, Índia e Comissão Européia lançarão oficialmente o Fórum Internacional de Biocombustíveis, instância de diálogo entre grandes consumidores e produtores que tem como objetivo desenvolver internacionalmente o uso e a produção sustentável de biocombustíveis.