Em mãos tucanas, Alagoas está de novo à beira da falência

Dez anos depois da falência do estado, uma sucessão de aumentos salariais concedida na administração passada paralisou o governo de Alagoas. Sem condições de honrar novas contrapartidas para convênios, o governador Teotônio Vilela Filho (PSDB) está desde

Uma greve na educação fez com que, até o fim da semana passada, o ano letivo ainda não tivesse começado no estado, que ficou em 20º lugar no ranking nacional do Enem. A crise financeira também contamina a área da segurança pública. Maceió teve em 2005 o maior índice de crimes violentos entre as capitais brasileiras, segundo dados do Ministério da Justiça. Como saída do atoleiro, o governador tucano aproxima-se cada vez mais do governo federal petista. 


 


O alto volume de transferências federais isola a maior parte da população — beneficiada por aposentadorias do INSS ou programas como o Bolsa Família — dos efeitos da crise do governo estadual. Calcula-se que dois terços da população do estado vivam do setor público. O setor privado não é capaz de revitalizar a economia. O peso do setor público sobre o PIB local subiu de 17% para 27,6% entre 1985 e 2004. 


 


Os problemas gerenciais extrapolam o Executivo. Na Assembléia Legislativa, ninguém sabe quantos funcionários estão na folha de pagamento, que representou 5,28% da despesa estadual no ano passado. O limite de 3% com gastos de pessoal para o Legislativo, estabelecido pela Lei de Responsabilidade Fiscal, não é respeitado.


 


Greve


 


Servidores da área de educação, com o apoio de mulheres trabalhadoras rurais sem-terra, fizeram nesta segunda-feira (05/03) o enterro simbólico de Teotonio Vilela Filho, à frente do Palácio República dos Palmares, no centro de Maceió. O ato ocorreu após uma assembléia geral da categoria, que decidiu pela continuidade da greve que já dura 47 dias.


 


A paralisação foi mantida ilegal na quinta-feira passada pelo desembargador José Fernando Lima Souza, que negou um recurso ao Sindicato dos Trabalhadores em Educação no Estado (Sinteal). Mas a categoria recorreu e aguarda decisão do Pleno do Tribunal de Justiça.


 


A esperança está centrada no interesse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em regulamentar o direito de greve do servidor público. Lula e o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, discutiram o assunto na sexta, no Palácio da Alvorada.


 


Os alunos da rede estadual de ensino enfrentam outros problemas para poder dar continuidade aos estudos. É o caso dos 2.250 estudantes da Escola Fernandes Lima, no Sítio São Jorge. Arrombada quatro vezes por vândalos desde que foi inaugurada em julho de 2003, a escola está em situação precária. Os bandidos levaram quase tudo. Além disso, o mato se espalha diante do Ginásio de Esportes quase abandonado.