Conferência sobre a questão da Mulher: luta das idéias na atualidade

Acompanhe a seguir artigo de Lucinete Maria Costa de Souza,  militante do PCdoB do Rio Grande do Norte. O texto é uma contribuição ao debate sobre a questão da mulher, tema da conferência do PCdoB que começa dia 29, em Luiziânia, Goiás.

A maioria dos estudos sobre a condição feminina no interior do paradigma científico reducionista e anti-dialético dominante explica a feminilidade por fatores isolados de um contexto social ou agrupados dentro de uma mesma e única dimensão, enquadrando nesta classificação todas as explicações exclusiva ou reponderantemente biológicas enfatizando as funções reprodutivas femininas ou as diferenças genéticas entre homens e mulheres; as explicações que compreendem a feminilidade como um fenômeno essencialmente cultural determinada pelas diferentes maneiras pelas quais o meio social e os valores culturais formatam, modelam ou produzem os diferente significados de ser homem e ser mulher.Não é a toa, que ouvimos muito que nossa opressão é uma questão cultural.


 


 


Os estudos reducionistas sobre a feminilidade seguem as finalidades de previsão e controle do comportamento humano como a maioria das ciências sociais o fazem desde o surgimento da Economia, da Sociologia, da Etnografia e da Psicologia( Lacey, 1998). Entretanto, predomina na literatura científica os estudos descritivos objetivando diagnosticar a realidade em que vivem as mulheres para subsidiar agentes públicos e privados na tomada de decisões de políticas para as mulheres, obedecendo a divisão do trabalho que impera nas sociedades capitalistas baseando-se numa suposta neutralidade da ciência.


 


 


Nestes estudos encontraremos assuntos relacionados a participação política da mulher, suas crenças religiosas, sua condição étnica e racial, sua inserção no mundo do trabalho, sua condição de ser jovem, sobre gravidez, parto e a maternidade,políticas públicas, usos e abusos do corpo feminino,etc. São objetos de denunciam e até comparação da condição feminina e masculina em diversos contextos.


 


 


No entanto, entre os setores que contestam a forma dominante(e patriarcal) de se produzir conhecimento científico estão as feministas que estruturam suas investigações em torno da categoria gênero, enfatizando a relação de dominação e exploração patriarcal dando maior atenção à produção teórica e metodológica. Entretanto, se adotarmos o enfoque marxista, poderemos com muito esforço intelectual e muita luta descortinar o amplo processo social em que, além do rompermos as barreiras políticas que dividem a nossa espécie e oprimem as mulheres, poderemos superar a alienação, mãe a pai de todas as opressões.


 


 


Só dessa forma será possível visualizarmos um modo de vida comunista com base na emancipação revolucionária das mulheres e dos homens.Portanto, a respondermos qual a condição feminina de existência, mostramos que existem diferentes respostas para a mesma questão a depender da ontologia e da epistemologia que o investigador adota. Veja bem, do ponto de vista marxista vimos que uma resposta clara a essa questão busca manter a complexidade dialética e a materialidade histórica do fenômeno.


 


 


Uma leitura metodológica da obra de Marx nos ajuda a encontrar uma saída para esta questão a partir de três fenômenos humanos cujas características são indissociáveis, quais sejam:


 


a) São, essencialmente, relações sociais;


b) Tem a sua gênese e desenvolvimento ao longo de um tempo biológico, histórico e pessoal irreversível;


c) São determinados em última instância pela produção e reprodução da vida material. Enfim, a mulher vive sua condição de existência feminina em múltiplas dimensões e níveis de desenvolvimento, na forma de modelos patriarcais de socialização e ação – resultando numa condição histórica de dominação masculina sobre as mulheres e alienação de ambos.  Sabe-se também  dos desafios desta conferência que deverá suscitar a  realização de pesquisas que possam elucidar as condições históricas de dominação masculina sobre as mulheres como instrumento revolucionário para avançarmos na produção teórica que nos subsidiará sobre nossas estratégias de emancipação de homens e mulheres, por sua verdadeira humanidade e libertação da condição de classe oprimida pelo jugo do capital revestido na atualidade de neoliberalismo.