Energia elétrica está fixando homem no campo, diz pesquisa

A chegada de energia elétrica nos municípios brasileiros tem aumentado a venda de eletrodomésticos nas áreas atendidas pelo Programa Luz Para Todos, ao mesmo tempo em que tem fixado o homem no campo. A avaliação faz parte de um estudo realizado em 2006

O Ipea ouviu 6.500 pessoas em 24 estados, com exceção do Amapá, Roraima e Distrito Federal. O estudo, que está em fase de conclusão, revela que 65% dos entrevistados não possuíam aparelho de televisão antes do Luz Para Todos e que 75% não tinham geladeira e 85% não possuíam ventilador. Quase todos os entrevistados, 91,7%, responderam que até a execução do programa não possuíam bomba de água.



De acordo com a pesquisa, a chegada da energia levou 26,3% dos entrevistados a comprar novos aparelhos de televisão e 17,8% a adquirir televisores usados; 35,7% compraram geladeira e 14,3%, ventilador.



José Ribamar Lobato Santana, diretor nacional do Programa Luz Para Todos, lembra que 90% da população atendida ganha menos de três salários mínimos. Até hoje, desde que o programa foi criado em novembro de 2003, mais de 5,5 milhões de pessoas já foram beneficiadas. A meta é atender 10 milhões de brasileiros que moram no meio rural até o ano que vem.



O principal reflexo da instalação da energia, segundo o diretor, é a melhoria da qualidade de vida da população. “É um programa em que se faz um investimento social tremendo. O reflexo disso é que nós estamos fazendo uma verdadeira revolução no campo. O grande ganho imediato disso é a fixação do homem no campo”, disse Santana em entrevista à Agência Brasil.



De acordo com ele, 23% dos entrevistados responderam que caso não houvesse energia elétrica , pelo menos um membro da família iria embora. Atualmente, 1,1 milhão de casas recebem energia elétrica graças ao programa. Isso significa que 200 mil pessoas deixariam o campo se não tivessem acesso a energia.” Com isso se consegue fixar o homem no campo, mudar as prioridades atendendo as comunidades mais carentes, quilombolas, indígenas e assentamentos, aqueles Municípios com baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)”.



Para Guerino Balestrassi, presidente da Associação dos Municípios do Estado do Espírito Santo (Amunes) e prefeito de Colatina, uma das cidades beneficiadas, o programa além de incentivar o retorno ao campo, estimulou a retomada da ruralização. “Aquelas pessoas que não tinham atividade no campo , que moravam na cidade e que estavam com suas propriedades praticamente abandonadas, retornaram e reinvestiram. Houve também um desmembramento das áreas, uma mini reforma agrária que ajudou na a conservação da terra e dos investimentos”.



Ele disse ainda que a chegada da energia provocou uma mudança cultural na cidade. “Houve investimento no interior. É isso que muda, essa cultura de não deixar a terra abandonada”. Mais de 800 casas em Colatina já receberam eletrificação e outras 72 estão cadastradas.



O estudo do Ipea e do Ministério de Minas e Energia mostra ainda que para 67% dos entrevistados, a chegada da eletricidade melhorou as oportunidades de estudos. Para 74,1% as condições de trabalho também mudaram para melhor .A chegada da energia também melhorou as condições de saúde para 72,6% dos que responderam o questionário.



José Ribamar explica ainda que como as famílias que as famílias que participam do programa são de baixa renda, o governo subsidia cerca de 50% da energia para quem consome até 80 quilowatt. “Metade do valor das contas é pago pelo governo. Paga-se isso porque o consumo é pouco. Na medida em que vai melhorando essa padrão de vida, passa a consumir mais deixa de ser enquadrado como baixa renda e passa a pagar normalmente”.



Fonte: Agência Brasil