Governo Bush persegue Michael Moore por viagem a Cuba

O documentarista americano Michael Moore está sendo investigado pelo governo dos Estados Unidos por sua recente viagem a Cuba, informou o porta-voz do cineasta nesta quinta-feira. Moore visitou o país caribenho como parte de um novo filme sobre o sistema

Vencedor do Oscar de melhor documentário em 2002 por Tiros em Columbine, o diretor estava sob investigação por levar um grupo de socorristas para tratamento médico em Cuba. Com a ação, ele rompeu o vergonhoso embargo que os Estados Unidos impõem à ilha há 45 anos.


 


A carta do Tesouro americano, destinada a Moore, dá ao cineasta 20 dias úteis para explicar o propósito da viagem, Além disso, pede detalhes, inclusive suas datas de partida e nomes e endereços daqueles que o acompanharam.


 


“Este escritório não tem registro de que uma licença específica tenha sido emitida autorizando o senhor a fazer transações de viagem envolvendo Cuba”, diz a carta, datada de 2 de maio e assinada pelo chefe do Departamento de Controle de Bens Estrangeiros (Office of Foreign Assets Control).


 


Filme sob proteção


 


A porta-voz de Moore disse que o cineasta levou cerca de dez socorristas para Cuba em fevereiro para tratamento médico. O grupo sofria de problemas de saúde suspeitos de ligação com o trabalho que desempenhavam limpando os destroços do Marco Zero, onde se erguiam as torres-gêmecas do World Trade Center, em Nova York, destruídas nos atentados de 11 de setembro de 2001.


 


Ela disse ainda que Moore conseguiu colocar a cópia do filme em um lugar seguro fora dos Estados Unidos para protegê-lo da interferência do governo. Meghan O'Hara, produtora de SiCKO – o novo filme de Moore, que deverá estrear no Festival Internacional de Cinema de Cannes, na próxima semana -, culpou o presidente George W. Bush pela investigação sobre a viagem.


 


“Os esforços da administração Bush para realizar uma investigação de motivações políticas sobre Michael Moore e SiCKO não nos impedirão de assegurar que o povo americano assista a este filme”, disse ela em um comunicado.


 


A violência do embargo


 


Bush tem sido alvo freqüente dos filmes de Moore, principalmente no documentário Fahrenheit 11/09 (2004), com o qual o cineasta ganhou a Palma de Ouro de Cannes. O filme acusa o presidente americano de explorar os ataques de 11 de setembro para justificar as guerras no Iraque e no Afeganistão.


 


Na gestão Bush, o embargo a Cuba foi amplamente defendido, como forma de retaliação. A medida sofre críticas em todo o mundo, desde que foi imposta, em 1961, pelo então presidente americano, John F. Kennedy.


 


De governo a governo, o embargo foi intensificado várias vezes, com o objetivo de deixar Cuba sob a tutela do imperialismo americano. Segundo os termos do embargo, cidadãos americanos não podem gastar dinheiro em Cuba – o que efetivamente os impede de viajar ao país, situado apenas 150 quilômetros do extremo sudeste dos Estados Unidos.