Sarkozy forma governo com oposição e sete mulheres

O presidente da França, Nicolas Sarkozy, nomeou sete mulheres e dois integrantes da oposição entre os ministros que formarão o seu governo. Sarkozy também reduziu praticamente pela metade o número de ministérios para 15 pastas. O presidente recém-eleit

A paridade entre homens e mulheres no governo foi uma das promessas de campanha de Sarkozy, assim como a redução do número de pastas.


 


Em seu discurso de posse, na quarta-feira, Sarkozy confirmou que formaria um governo além das fronteiras de seu próprio partido.


 


Em uma aparente estratégia política, já de olho nas eleições legislativas de junho, Sarkozy nomeou o socialista Bernard Kouchner, um dos fundadores da ONG Médicos Sem Fronteiras, para o Ministério das Relações Exteriores.


 


Kouchner, que foi chefe da missão da ONU em Kosovo entre 1999 e 2001, criticou Sarkozy durante a campanha presidencial e tem conhecidas posições anti-americanas, se diferenciando do novo presidente francês.


 


Já o centrista Hervé Morin ficará com outro ministério de peso, o da Defesa.


 


Outros dois socialistas serão titulares de Secretarias de Estado, cargos de segundo escalão – um deles é Eric Besson, que foi um dos coordenadores da campanha de Sègoléne Royal e acabou se desentendendo com a candidata presidencial derrotada por Sarkozy.


 


O ex-primeiro-ministro Alain Juppé vai ocupar o novo Ministério do Desenvolvimento Sustentável, que reúne também as pastas do Meio Ambiente, Energia e Transportes.


 


Em 2004, Juppé foi condenado pela Justiça a um ano de inelegibilidade por seu envolvimento em um escândalo de corrupção quando trabalhava na prefeitura de Paris na época em que o prefeiro era Jacques Chirac.


 


Juppé foi oficialmente designado como o número dois do governo em termos de peso político, papel que era exercido pelo próprio Sarkozy como ministro do Interior durante a presidência de Jacques Chirac.


 


Os ministros formam a equipe do primeiro-ministro François Fillon, que assumiu suas funções na quinta-feira.


 


Mulheres


 


As mulheres ficaram com as seguintes pastas: a ex-ministra da Defesa Michèle Alliot-Marie é a nova ministra do Interior, Christine Lagarde, que já era ministra do Comércio Exterior no governo Chirac (Agricultura), Rachida Dati, porta-voz de Sarkozy durante a campanha presidencial (Justiça), Valérie Pécresse (Ensino Superior e da Pesquisa), Christine Albanel (Cultura e Comunicação), Christine Boutin (Habitação e das Cidades), Roselyne Bachelot (Saúde e dos Esportes).


 


Sarkozy também cumpriu outra promessa de campanha, a de criar o Ministério da Imigração e da Identidade Nacional, criticado pela oposição e por organizações de direitos humanos.


 


O historiador Patrick Weil afirma que a decisão de Sarkozy em dar ao ministério essa denominação está fundada na ''na tradição de um nacionalismo que desconfia e é hostil para com os estrangeiros nos momentos de crise''.


 


A pasta será ocupada por Brice Hortefeux, braço-direito de Sarkozy durante a campanha presidencial.


 


Os outros ministros são: Xavier Darcos (Educação), Jean-Louis Borloo (Economia Finanças e Emprego), Xavier Bertrand (Trabalho, Relações Sociais e Solidariedade), Eric Woerth (Orçamento e Função Pública). Borloo, Darcos e Bertrand foram ministros do governo Chirac.


 


Outra novidade, a criação do cargo de alto-comissário para a luta contra a pobreza, que será ocupado pelo presidente da importante organização humanitária Emmaüs, fundadada pelo padre Abbé Pierre, um dos maiores defensores dos sem-teto na França, falecido em janeiro.


 


Sarkozy quer demonstrar que não vai perder tempo para implementar as prometidas reformas econômicas e sociais.


 


O novo gabinete de governo já realiza a primeira reunião do Conselho de Ministros nesta tarde.


 


A composição do governo é encarada por alguns observadores como ''ultra-liberal''. É o caso do diretor da revista Politis citado pelo diário Libération, que se mostra preocupado com a separação da pasta do Emprego (entregue ao ministro da Economia e Finanças, François Borloo) da do Trabalho (que vai partilhar o ministro Xavier Bertrand com as Relações Sociais e a Solidariedade).


 


Para Denis Sieffert, este é um sinal do ultra-liberalismo do governo, para quem o ''trabalho será um resultado do crescimento e o tratamento social do desemprego estará separado da política de emprego'', destacando que isso é a primeira vez que acontece na França.


 


Da redação,
com agências