Comunistas do Maranhão realizam curso de capacitação política

Trinta e cinco comunistas da capital e 25 do interior – entre dirigentes, militantes e novos filiados – vindos de 14 municípios do estado e da capital, debateram questões como a luta pelo socialismo num novo tempo, a tática mais afirmativa e audaciosa do PCdoB e ainda audácia e determinação para estruturar o partido à altura do atual projeto político. Entre os participantes, havia ainda oito novos filiados.

Dinâmica intensiva

O professor da ENF e membro do CC, Augusto Buonicore, ministrou aula no sábado sobre a luta pelo socialismo hoje e também expôs a estratégia e a tática atualizada do Partido Comunista do Brasil. No segundo dia, o também professor da ENF e da Comissão Nacional de Formação, Edvar Bonnoto, ministrou aula com o tema “Partido”.

Após cada exposição, houve leitura de textos seguida de abertura para comentários, perguntas e outras considerações entre alunos e professor. Na parte final do curso foram formados quatro grupos de estudo numa oficina, gerando relatórios a serem entregues à Escola Nacional de Formação do PCdoB e à Secretaria Nacional de Formação para análise e observações.   

A luta pelo socialismo hoje

Após fazer uma profunda reflexão sobre o processo de evolução teórica e prática do socialismo, Augusto Buonicore demonstrou a atualidade do tema e afirmou que há um legado positivo de todo aquele momento. Disse ainda que o socialismo precisa ser renovado sob uma reflexão crítica e deve-se extrair lições de experiências concretas. 

Um dos pontos da aula foi a discussão a respeito de Stalin e dos procedimentos adotados pelo partido no período. Concluiu-se que a luta pelo socialismo adquiriu novas formas e, por isso mesmo,  tem seus conteúdos atualizados para que se possa dar continuidade às lutas por transformações radicais e profundas na sociedade.

Tais questões foram mais bem elaboradas a partir do 8º Congresso Nacional do PCdoB, que reafirmou o lastro do socialismo soviético aos trabalhadores e à sociedade abrindo, ao mesmo tempo, profundo processo de auto-crítica nos marcos da teoria revolucionária. Desta forma, o século 20 pode ser considerado o século do socialismo, sobretudo até os anos 70.

Das lições desta primeira parte da aula, duas sínteses importantes foram extraídas. A primeira é que não há modelo único de socialismo. A segunda é que não há passagem direta do capitalismo ao socialismo. Por conta dessa dialética, fica demonstrada a atualidade do socialismo.

Uma outra questão que permeou todas as intervenções foi a questão da centralidade da questão nacional. Considerada elemento teórico e de ação política importante, a questão nacional é um dos fundamentos para a derrota do neoliberalismo, pois possibilita a abertura para a construção de um projeto de desenvolvimento para o país.   

O curso destacou também a participação de Marx, Engels, Lênin e Stalin na elaboração direta da tática e da estratégia da luta concreta no próprio seio do movimento comunista. Desta forma, a tática e a estratégia do proletariado desde o início sempre foram partes integrantes do acervo teórico do marxismo e, portanto, categorias indispensáveis à ação transformadora.

Sobre partido

Possuidor de refinado conteúdo teórico, Edvar Bonoto falou sobre o projeto político e a estruturação partidária. Com o cenário apresentado, Edvar destacou a necessidade histórica do Partido Comunista. Falou também da evolução da concepção de partido no tempo e no espaço e ainda caracterizou cientificamente o conceito de centralismo democrático numa visão leninista.

No Brasil, o partido deve trilhar caminhos originais, atender aos problemas de nosso tempo, do povo brasileiro, sua cultura e tradição de lutas. Assim vamos transformar o PCdoB de um partido de quadros em uma poderosa força social e influenciar decisivamente na construção de um projeto nacional de desenvolvimento para o Brasil.

Edvar concluiu dizendo que a resposta que o partido dá aos dilemas e pressões da luta presente é a necessidade de combinar com justeza, dialeticamente, a luta política, a de idéias e a luta social, sem unilateralismos ou pragmatismos imediatos, e a possibilidade de se buscar o lugar político próprio do PCdoB.

Avaliação e mais formação

O presidente do PCdoB no Maranhão, Gerson Pinheiro, ao final afirmou que pelo nível de compromisso assumido, pela qualidade das intervenções, “ficamos satisfeitos com o curso, pois ele revela que o conjunto dos participantes absorveram bem o conteúdo e compreenderam bem as inter-relações e a aplicabilidade de três questões principais respondidas no Curso, considerando as esferas político-eleitoral, social e de idéias a atualidade”.        

O secretário de Organização do PCdoB no estado, Etelvino Oliveira, avaliou que o curso, mais do que um ato formal de formação em si tem um significado importante pois materializa o início de novo ciclo do PCdoB no Maranhão. “Encerramos em 2006 um ciclo de resistência percorrido por muito tempo”, disse. Oliveira enfatizou que em 2007 abre-se nova perspectiva de resistência e de ampliação da ação política e institucional do PCdoB, com reflexos diretos no crescimento e na estruturação partidária.

O dirigente disse ainda que para dar conseqüência objetiva a essa força, “precisamos reforçar nossa  estrutura de quadros no Maranhão, pois neste novo ciclo o número e a qualidade de capitães torna-se fundamental na construção do processo”. Oliveira lembrou também que o Comitê Estadual deve realizar cursos em outras quatro regiões do estado até o final de 2007. Ele finalizou dizendo que o PCdoB “está aberto para receber novos militantes com o intuito de fortalecer perspectivas quanto ao novo projeto político do partido para os próximos anos”.

Do PCdoB do Maranhão