Comunistas do Vietnã indagam ao PCdoB sobre etanol

O encontro, às 8 horas, foi o primeiro compromisso dos vietnamitas em Brasília. Participaram, pelo PCdoB, além do presidente do Partido, Renato Rabelo; o vice presidente, deputado Renildo Calheiros (PE), e o secretário de Relações Internacionais, José Reinaldo Carvalho. Pela parte vietnamita, estavam presentes, além de Manh, toda a delegação, com duas dezenas de integrantes, entre eles vários ministros de Estado.

Perguntas dobre o etanol: ''Sim ou não?''

Manh exaltou o ''excelente nível'' das relações PCV-PCdoB. Disse que os vietnamitas acompanham e se alegram com o papel que os comunistas jogam na vida do Brasil, e convidou Renato Rabelo, presidente do PCdoB, a encabeçar uma delegação de alto nível em uma visita próxima ao Vietnã. Renato respondeu mencionando a admiração do povo brasileiro pelo exemplo vietnamita, no passado, ao combater a agressão norte-americana, e hoje, na construção socialista, citando também a figura-símbolo de Ho Chi Min.

Na opinião de Manh, a ''parceria abrangente e em relações de igualdade'' entre os dois países, que se beneficia do bom relacionamento entre os dois partidos, deve se dar em todos os terrenos, econômico, cultural e político. Deve ''basear-se nos interesses mútuos e em vantagens recíprocas'' e visar ''um mundo de paz e cooperação''.

O dirigente vietnamita mostrou-se particularmente curioso a respeito do etanol, tema de um acordo de cooperação que os dois governos estão em vias de concluir. Em um momento mais informal do encontro, fez a Renato uma série de perguntas bastante concretas, em busca de um ''sim ou não'' como resposta. ''O etanol prejudica ou não o meio ambiente? Prejudica ou não a vida do povo? Qual a relação custos-benefícios?'', indagou, no momento em que seu país se prepara para começar a usar o biocombustível.

Metas vietnamitas para 2010 e 2020

Nong Duc Manh expôs aos comunistas brasileiros os êxitos do movimento de reformas econômicas iniciado no Vietnã em 1986, citando dados, como o crescimento médio do PIB (Produto Interno Bruto), de 7,5%, nestes mais de 20 anos. Disse que ''o partido vai mobilizar o povo, com base em uma grande unidade nacional, para impulsionar a renovação''.

A meta dos vietnamitas é tirar o país do subdesenvolvimento até 2010, e torná-lo uma nação industrializada moderna até 2020. ''Isto significa o reforço do socialismo, da independência nacional e da solução dos problemas do povo'', sublinhou Manh.
''Lutamos por um país forte, uma sociedade justa, democrática e civilizada, onde o povo é o dono e detém todo o poder'', disse ainda o visitante. Agregou que uma das bandeiras do PCV é ''um Estado socialista de direito'' e citou, entre suas metas, a de ''democratizar o partido'', mesmo mencionando que as transformações em curso no país ocorrem ''sob a direção do Partido Comunista''.

''Economia de mercado com orientação socialista''

O PCV analisa que se encontra ''na primeira etapa da construção do socialismo'', devido ao atraso herdado pelo país e à pesada herança deixada pelas guerras de agressão do colonializmo francês (1946-1954) e do neocolonialismo americano (1963-1975), vencidas com incalculáveis sacritícios. Para entrentar as tarefas desta etapa, a ''renovação'' descreve com originalidade a sociedade vietnamita, como ''uma economia de mercado com orientação socialista''.

Manh defendeu a ''renovação'' como via para construir ''uma sociedade justa, igual, unida e solidária'', destacando a importância desses valores em um país que compreende 54 minorias étnicas. Em política internacional, pregou relações de amizade e cooperação com todos os países.

Depois das conversações com o PCdoB, a delegação vietnamita visitou o Congresso Nacional, às 10 horas, e às 12 horas teve o encontro no Planalto com o presidente Lula, seguido do almoço no Palácio do Itamaraty. Às 17 horas, reúne-se com o deputado Aldo Rebelo (PCdoB-AL), fundador, em 1999, do Grupo Parlamentar Brasil-Vietnã. E às 18 horas com o secretário-geral do PT, Joaquim Soriano.

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