Nigéria processa Pfizer por testes de drogas em crianças
A Nigéria está processando a gigante farmacêutica Pfizer por realizar testes com um medicamento contra a meningite que, segundo o governo nigeriano, seriam ilegais.
Publicado 06/06/2007 15:33
O grupo farmacêutico americano Pfizer poderá pagar uma indenização de US$ 7 bilhões ao governo da Nigéria, devido a testes de um medicamento responsável pela morte de várias crianças, informaram esta semana fontes judiciais.
O grupo farmacêutico Pfizer, que rejeitou na terça-feira (6) qualquer falta de ética, é acusado de ter testado em 1996 um remédio, o Trovan Floxacin, sob o pretexto de “ação humanitária” para combater uma epidemia de meningite e sarampo.
O produto foi testado sem as autorizações necessárias por parte das autoridades competentes da Nigéria. A companhia farmacêutica americana respondeu na terça-feira que os testes realizados em 1996 foram efetuados “com o aval do governo nigeriano, que tinha todo o conhecimento de causa”.
“Foi igualmente efetuado de maneira responsável e no respeito da ética, em conformidade com o compromisso da companhia para com a segurança dos doentes. Todas as alegações no quadro destas perseguições são simplesmente falsas”, alegou a Pfizer num comunicado divulgado na sua sede em Nova York.
De acordo com o porta-voz da Pfizer, Bryant Haskins, “o medicamento foi administrado em conformidade com a lei nigeriana”.
“Estas alegações contra a Pfizer, que não são as primeiras, são altamente incendiárias e não são baseadas em fatos. Continuamos a defender, firmemente, que o governo nigeriano estava completamente informado antes deste teste clínico”, acrescentou.
Há dois anos, um tribunal americano declarou-se incompetente para julgar a queixa de famílias nigerianas que sustentavam não terem sido suficientemente avisadas de que as suas crianças poderiam ser afetadas pelo antibiótico da Pfizer.
O Trovan, denominado igualmente Trovafloxacine, foi aprovado nos Estados Unidos em 1997 para tratar uma série de infecções nos adultos, antes de ser retirado do mercado após ter sido associado a vários casos de insuficiência hepática.