Presidente indica que Aeronáutica deve resolver crise aérea
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reiterou hoje (21) ao comandante da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito, que o Comando da Aeronáutica é quem deve tomar as medidas que considerar adequadas para estabelecer o fluxo e a segurança do tráfego aéreo.
Publicado 21/06/2007 23:56
A secretaria também desmentiu, há pouco, informação veiculada na imprensa, hoje, de que o presidente Lula teria demitido o brigadeiro José Carlos Pereira da presidência da Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária, a estatal que controla os aeroportos de todo o país.
O último balanço divulgado pela Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero) demonstra que os atrasos em vôos continuam afetando os principais aeroportos do país. Segundo a estatal, dos 1.114 vôos que estavam previstos para decolar até às 15 horas de hoje (21), 411 sofreram atraso de mais de uma hora. O número representa 36,8% do total. Outros 104 (9,3%) foram cancelados.
Desde o início da semana, os passageiros voltaram a enfrentar atrasos nos aeroportos. Além dos protestos de controladores de vôos, os problemas podem estar relacionados a um funcionamento parcial dos monitores (consoles) de vôo do Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle do Tráfego Aéreo (Cindacta-1).
Nova greve: possível mas evitável
Deputados que estiveram ontem com os controladores de vôo do Cindacta 1 afirmaram que é realmente possível uma nova greve de controladores no início de julho, às vésperas dos Jogos Pan-Americanos do Rio. Mas, segundo os parlamentares, apesar de armada, a “bomba relógio” de uma possível paralisação pode ser desarmada.
“Todos temos que cuidar para não permitir uma greve branca. Mas para isso é preciso haver interesse das partes. Da forma como as coisas estão, os dois lados se preparam para uma guerra”, acrescentou o relator da CPI do Apagão Aéreo, deputado Marco Maia (PT-RS).
“Hoje a posição é de conflito, não há diálogo entre os controladores e seus superiores e o risco é de que a situação se acirre”, avaliou Gustavo Fruet (PSDB-PR).
Fruet, que integra a CPI dos Aeroportos disse ainda ter ouvido de alguns oficiais da Aeronáutica que a solução para o problema do caos aéreo está mesmo na demissão de um grupo de 40 a 50 controladores que participaram do motim de março. São considerados os mais radicais e que insuflam os demais. Segundo Fruet, os superiores informaram que haverá crise nos aeroportos por um ou dois meses, com a redução do número de controladores, mas que isso permitirá recuperar a autoridade do comando. Os controladores negam que essa seja a situação e avisam que isso poderá levar à paralisação das atividades.
“Alguns oficiais nos disseram que, só com a prisão (dos que fizeram o motim), recuperam a autoridade e que haverá a continuidade da crise por um ou dois meses, depois se retoma a normalidade. Já os controladores avaliam que isso irá piorar a situação”, disse Fruet.
Para o tucano, o erro inicial aconteceu quando o comandante determinou a prisão de controladores e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu que não houvesse medida disciplinar.
“Neste momento a autoridade foi colocada em xeque, quando, para os militares, a hierarquia é um valor inegociável. Muitos superiores reclamaram que dão as ordens e os controladores não obedecem, alegando falta de segurança. Antes da crise, havia problemas, mas resolvidos com o diálogo. Agora, diante de qualquer dúvida, param o sistema e comunicam ao oficial”, afirmou Fruet, acrescentando: “Houve uma ruptura, não há diálogo. Controladores, técnicos e superiores estão a beira de um ataque de nervos”.
No entanto, para o deputado Miguel Martini (PHS-MG), ex-controlador de vôo militar, existe um desejo dos controladores de acabar com a crise: “Percebo nos controladores o desejo de esfriar e resolver. Eles não agüentam mais. Todo mundo está muchucado neste processo”, disse.
CPI quer ajudar
Hoje a CPI discutiu de que forma é possível ajudar na solução do impasse entre controladores e o comando da Aeronáutica. Mesmo contra a opinião de alguns integrantes, o presidente da CPI, Marcelo Castro (PMDB-PI), e o relator Marco Maia (PT-RS), irão procurar o comando da Aeronáutica e os controladores. Irão oferecer a CPI como palco de intermediação para uma solução para o conflito.
“Não fomos convidados a negociar nada. Esse não é o papel da CPI”, argumentou Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
“É um erro a interferência da CPI nesta questão. Pode acirrar os conflitos e fortalecer a quebra da hierarquia”, acrescentou o deputado Eduardo Valverde (PT-RO).
Outro petista, no entanto, que esteve anteontem no Condacta I, contestou os colegas da base aliada: “Nesse momento há ameaça tácita de greve para o início de julho. Outra CPI já condenou os controladores. Nós podemos ajudar nessa crise. Sou do PT, mas é preciso um reposicionamento do governo nesta questão”, afirmou o deputado André Vargas (PT-PR).
Da redação,
com agências