Título do Boca favorece Macri nas eleições de Buenos Aires

A vitória do Boca Juniors na noite da última quarta-feira (20) por 2 a 0 contra o Grêmio não tem nada a ver com política e campanha eleitoral. Mas não podia ter sido um melhor desfecho para a disputa do presidente do clube, Mauricio Macri, contra o minist

''Estou muito contente porque o Boca conseguiu chegar ao topo do futebol americano, sul-americano e também argentino.'' Essa foi a primeira declaração à imprensa do empresário Maurício Macri nesta quinta-feira, último dia da campanha.



Macri chega ao segundo turno como favorito, com quase 60% das intenções de voto segundo as últimas pesquisas de opinião pública, contra 40% de Filmus. No primeiro turno, realizado dia 3 de junho, ele teve 779 mil votos (45,62% do total), enquanto Filmus, candidato apoiado pelo presidente Nestor Kirchner, teve 406 mil votos (23,77%).



Desde que entrou para a política, em 2003, disputando pela primeira vez a vaga de governador da capital portenha, Mauricio Macri alçou muitos degraus em popularidade na Argentina ajudado pela condição de presidente do Boca Juniors, posto que assumiu há doze anos e já está na segunda reeleição. Eleito deputado em 2005 pelo partido que fundou, o Proposta para a Mudança (PRO), Macri chegará com um peso extra ao Palácio de Governo da Cidade, caso vença as eleições neste domingo. É visto hoje como o único capaz de aglutinar as forças de oposição contra o presidente Nestor Kirchner nas presidenciais de 28 de outubro.



''O avanço de Macri nestas eleições mostra que as pessoas o vêem como uma alternativa a Kirchner'', comentou um analista político que não quis se identificar. A menção ao presidente como se fosse o adversário na votação de domingo, e não Daniel Filmus, parece estranho para quem vê de fora. Mas não é aqui. O próprio Kirchner tratou de nacionalizar a disputa que deveria ser local. Logo no dia seguinte ao primeiro turno, após conhecer os resultados oficiais, o presidente afirmou que ''os eleitores se equivocaram'' ao votar em Macri e que (no segundo turno) ''tratava-se de escolher entre dois modelos de país'', o seu e o dos anos 90, do ex-presidente Carlos Menem (1989-1999), das privatizações e dos empresários que se beneficiavam dos recursos do estado em detrimento da população.



Com estas frases, o presidente argentino entrou de cabeça na campanha, colocando todo seu staff a favor de Filmus e ameaçando apresentar à Nação ''quem é o verdadeiro Macri''. A tática não funcionou. Na semana seguinte Macri alcançou 60% das intenções de voto. Kirchner acabou se retirando do cenário, sem dar nenhuma explicação e sem mostrar ao país quem era Maurício Macri.



Fonte: Valor Econômico