Juventude em risco representa alto custo para o Brasil

Os comportamentos de risco na juventude levam o Brasil a perder R$300 bilhões por geração. A estimativas dos custos monetários desses comportamentos tanto para os indivíduos quanto para a sociedade em geral representa uma inovação no relatório “Jovens

O relatório provocou um pronunciamento da deputada Manuela D´Ávila (PCdoB-RS), no plenário da Câmara dos Deputados. “Essa pesquisa nos mostra, mais uma vez — digo mais uma vez porque os dados, embora muito assustadores, não são novidade — , que, dos 50 milhões de jovens que vivem no Brasil e que teriam condições de participar do crescimento econômico do País, um quinto estão fora da escola e um décimo nem sequer cursaram o Ensino Fundamental. Também nos mostra, mais uma vez, que 47% dos desempregados e 40% dos mortos neste País são jovens”.



Para ela, “se já fazemos muito — o nosso Governo é pioneiro no aporte de recursos para a política juvenil, passando de 1 bilhão ao ano — , temos de pensar nos 300 bilhões de anos que perdemos por não termos mercado e escolaridade para a juventude”. E



Manuela disse ainda que, “além da falta de investimento e de crescimento econômico, enfrentamos sérios problemas, como a falta de perspectiva e de capacidade dessa juventude que precisa se sentir representada e construtora do País”.



Redução de riscos
 


Para reduzir o número de jovens em risco, o estudo do Banco Mundial sugere como medidas gerais o fortalecimento de comunidades e famílias, investimento na primeira infância e na permanência na escola.



Para os jovens já em risco, são defendidas ações individualizadas para reintegração e reabilitação, baseadas na família, e uma melhor coordenação entre os esforços sociais, como entre o governo federal, governos estaduais, sociedade civil, setor privado e comunidades.



O texto resume a incidência dos comportamentos de risco na juventude (15-24 anos), como repetição escolar e abandono da escola, ociosidade, uso de drogas, violência, iniciação sexual precoce e práticas sexuais arriscadas, e identifica fatores associados a eles, como gênero, raça, renda e localidade.



A pesquisa também revela que os comportamentos dos jovens diferem enormemente entre as regiões do País, e que são necessárias estratégias específicas para tratar de suas causas e conseqüências. Os autores desenvolveram o Índice de Bem-Estar Juvenil para medir essas variações.



Os jovens do Distrito Federal e de Santa Catarina são os menos expostos ao risco. Pernambuco e Alagoas estão no extremo oposto.



Classe média



A parlamentar também repercutiu o fato ocorrido, esta semana, no Rio de Janeiro, quando cinco jovens de classe média alta do Rio de Janeiro espancaram uma empregada doméstica, sem motivo, causando-lhe ferimentos “gigantescos e assustadores”. “Quando nos deparamos com fatos dessa natureza, temos de pensar que, além de investimentos, o Governo Federal precisa dar a esses jovens alguma perspectiva, devolver-lhes os sonhos”, afirmou.



Outro episódio recente envolvendo jovens brasileiros, que mereceu avaliação da deputada, ocorreu na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, que foi pichada, com as seguintes frases: “Negros na URGS só se for trabalhando no restaurante universitário” e “Negros, voltem para a senzala”.



De Brasília
Márcia Xavier