Curso para quadros atinge metas e PCdoB já planeja 2ª edição
Por Priscila Lobregatte
Durou nove dias. Mas certamente o Curso para Quadros, da Escola Nacional de Formação do PCdoB, deixou marcas importantes na construção intelectual daqueles que participaram. Entre 20 e 28 de julho, 83 alunos de 22 estado
Publicado 02/08/2007 14:07
A iniciativa, uma parceria da Escola Nacional de Formação e da secretaria de Organização do PCdoB, é parte do esforço de crescimento qualitativo do partido. Na proposta de maior ousadia e autonomia dos comunistas, a capacitação dos quadros tornou-se questão fundamental. Segundo Walter Sorrentino, secretário de Organização do PCdoB, esse processo de formação “tem tudo a ver com a decisão do Comitê Central de instituir uma comissão nacional especial, destinada a elaborar uma política de quadros atualizada para o nosso tempo”. Na linha do 11º Congresso, disse, “o PCdoB está dando, como se vê, passos estratégicos para formar larga e sólida estrutura de quadros, como garantia do caráter do partido e de seu projeto estratégico. O curso nacional de quadros é mais um degrau dessa política, que se soma à iniciativa dos Cursos de Capacitação de Quadros intermediários que já vêm superando a meta de alcançar 3.000 dirigentes de comitês municipais em todo o país”.
Já Adalberto Monteiro, secretário de Formação, salientou, em artigo que você lê aqui, que “um coletivo forte deriva, entre outros fatores, de pessoas que desenvolvem suas singularidades e vocações, seu talento, consciência socialista, espírito crítico, construtivo e criativo e a capacidade empreendedora e prática. O vigor da prática transformadora do PCdoB depende em grande parte da consciência, do compromisso e da convicção de seus quadros”.
Apesar de o número de alunos ter ficado abaixo da meta estabelecida inicialmente – de 123 alunos – o curso cumpriu seu papel. Para Nereide Saviani, diretora da Escola Nacional, “a resposta do coletivo partidário foi muito positiva porque houve pouco tempo, apenas dois meses, para mobilizar os alunos que participariam do curso. Tendo em vista as dimensões do Brasil e as dificuldades financeiras, tivemos um bom resultado”.
O curso em números
Do total de 83 alunos, 75 vieram pelos comitês estaduais. Os demais eram de outras frentes, como a UJS, e das comissões nacionais, como Comunicação e Juventude. Na média geral, o curso atingiu a meta de 30% de mulheres, elaborada durante a 1ª Conferência Nacional sobre a Questão da Mulher e aprovada recentemente pelo Comitê Central. Foram 27 mulheres, ou 32,5% do total e 56 homens, ou 67,5%. Os únicos estados que não enviaram alunos foram Paraíba, Paraná, Roraima e Tocantins. Outros estados, como Bahia, Ceará, Mato Grosso, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo ultrapassaram a meta e enviaram mais militantes do que o número inicialmente estabelecido.
O grau adotado para este curso foi o intermediário, que corresponde ao nível 2 da Escola Nacional. Neste nível, os alunos já devem ter tido noções elementares da teoria marxista e da política do PCdoB, que em geral são transmitidas pelo Curso Básico em Vídeo (CBV), pelo Bem-vindo, camarada ou por outros cursos básicos. “Será muito importante que todo o Partido, de alto a baixo, compreendesse o quanto é fundamental investir neste momento na formação. Desde a base, com o Bem-vindo, camarada, passando pela aplicação massiva do excelente Curso Básico em Vídeo, mais a formação de quadros intermediários e o curso nacional”, explicou Sorrentino.
De acordo com a diretora, “a Escola foi concebida de modo que o currículo não acompanhasse, necessariamente, a estrutura do partido. Ou seja, os níveis têm a ver com o grau de conhecimento e não com a posição hierárquica.. Neste sentido, o Curso para Quadros foi bastante heterogêneo”, disse Nereide.
No conjunto de alunos, havia militantes e dirigentes dos movimentos sociais – como juventude, mulheres, negros e sindical –, dirigentes estaduais e municipais, recém-filiados, ocupantes de cargos no legislativo, entre outros. “Isso tem o lado positivo de possibilitar a troca entre diferentes alunos. Agora, por parte dos professores, exige adaptações. Porque mesmo que tenhamos colocado como critério para a participação que o aluno tivesse noções básicas sobre os assuntos tratados, havia muita gente sem essas noções, o que prejudica seu aprendizado”.
Avaliação
Dividido em seis blocos – Introdução, Filosofia, Estado e Classes, Economia Política e Desenvolvimento, Socialismo e Partido – o curso foi avaliado pelos alunos, que responderam a questionários sobre a metodologia, o conteúdo e a participação. Com base nessas informações, a Escola Nacional pretende aperfeiçoar o próximo curso do mesmo nível, marcado para janeiro. “Pelo que pudemos perceber, houve ponderações bastante positivas principalmente no que diz respeito à programação, à qualidade das aulas, ao encadeamento dos temas e ao domínio dos professores sobre o conteúdo”, disse Nereide. Por outro lado, a diretora ressaltou como aspectos negativos apontados o curto tempo do curso, as poucas atividades em grupo e o pouco espaço para os estudos individuais.
Para Sorrentino, o Curso Nacional de Quadros recém-realizado “é uma notícia alvissareira e de grande significado na vida do Partido neste momento”. Ele lembrou que “quem viveu os anos 80, com os cursos nacionais que se realizaram naquela década, talvez aquilate melhor o significado da retomada dessa iniciativa. Ela representa o esforço pela formação de nova geração dirigente do partido, que se afirmará nos próximos 5 ou 10 anos”.
Ministraram as aulas o presidente do PCdoB, Renato Rabelo, os secretários de Formação, Adalberto Monteiro, de Organização, Walter Sorrentino e de Relações Internacionais, José Reinaldo Carvalho e os professores da Escola Nacional Augusto Buonicore, Dilermano Toni, Edvar Bonotto, Fábio Palácio, Fernando Niedsberg, Ilka Bichara, Joan Edessom, José Carlos Ruy, Júlio Vellozo, Lílian Martins, Madalena Guasco, Marcos Costa, Milton Barbosa, Nereide Saviani, Olívia Rangel, Oswaldo Napoleão, Ronaldo Carmona e Sérgio Barroso.
Leia aqui o artigo O êxito do Curso para Quadros, de Adalberto Monteiro
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