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Emprego cresce menos nos bancos do que na indústria

Apesar dos bons resultados apresentados pelo setor financeiro nos últimos anos, o emprego para os bancários cresceu menos do que em ramos industriais, como metalúrgicos e químicos, e também ficou abaixo da média geral do país. As três categorias de trabal

Entre 2003 e 2006, segundo dados do Ministério do Trabalho e projeções da LCA Consultores, a ocupação com carteira assinada avançou 20,7% no Brasil. No ramo financeiro, a alta foi menor, de 16%. Isso significou a geração de 88,4 mil vagas. Em termos absolutos foi um número um pouco maior do que o verificado no ramo químico, onde foram abertos 83,7 mil postos de trabalho. Esse setor, no entanto, tem um estoque de trabalhadores menor: 418,8 mil, diante de 648,2 mil dos bancos. “Este segmento industrial foi muito favorecido pelo expansão da produção de petróleo e de combustíveis”, lembra Fábio Romão, economista da LCA que estimou os dados para 2006.



Ao mesmo tempo, a contratação de pessoas que trabalham no ramo financeiro, mas não são bancárias, como os promotores de crédito das financeiras, camufla a expansão do emprego no setor. De outro lado, a informatização segue avançando a passos largos e a figura do bancário tradicional tende a ser cada vez menos presente.



Na categoria que reúne os trabalhadores que realizam funções de intermediação financeira – os bancários tradicionais – e exclui atividade auxiliares, seguros e previdência, o crescimento do emprego também foi menor do que a média do país e ficou em 13%. A ocupação que ajudou o ramo financeiro foi justamente a de atividades auxiliares da intermediação financeira, com expansão de 47% no emprego.



Queda salarial



O resultado disso é um rendimento médio menor para a categoria. Pelos dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) do Ministério do Trabalho, cuja edição mais recente é de 2005, o salário médio dos trabalhadores do ramo financeiro – que engloba além dos bancários tradicionais, trabalhadores de atividades auxiliares e em atividades de seguro e previdência – caiu 1,1% entre 2003 e 2005 em termos reais. Ao mesmo tempo, o rendimento médio do total das ocupações subiu 4,4% no período. Em análise mais longa, que compara 2000 com 2005, os resultados são ainda menos animadores para os bancários: queda de 11% no salário, ante recuo de 4% no rendimento geral.



A situação é oposta à vivida pela duas categorias tradicionais da indústria: químicos e metalúrgicos. Embalados pela forte expansão das exportações nos primeiros anos do mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e mais recentemente pelo aquecimento do mercado interno, viram o nível de emprego aumentar e atingir níveis recordes.



O ramo metalúrgico teve um incremento de 26% na ocupação entre 2003 e 2006. Esse desempenho foi encabeçado pelos setores de equipamentos de informática (79,8%), veículos automotores (24,2%) e outros equipamentos de transporte (43,7%). A alta do emprego foi acompanhada pelo mesmo movimento no rendimento médio, que ficou 8,7% maior no período de 2003 a 2005.



“As exportações deram uma alavancada muito grande nas empresas do setor. Mesmo com a valorização cambial, elas continuam a representar uma fatia importante da produção das empresas metalúrgicas”, avalia Rafael Marques, secretário-geral do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Até mesmo a Volkswagen, que planejava no ano passado demitir 3,6 mil funcionários, dispensou apenas metade desse número e está contratando mais 700 pessoas para a produção.



Para Romão, a indústria, seja ela química, metalúrgica ou alimentícia, tem tido um papel fundamental na geração de empregos do país. Com a forte expansão da demanda doméstica, a tendência é que esse movimento permaneça nos próximos meses.



Fonte: Valor Econômico