Sean Penn: um ator de Hollywood visita a Venezuela de Chávez
O ator americano Sean Penn concluiu no sábado (4) sua estada de seis dias na Venezuela, para onde viajou ''como jornalista'', segundo ele próprio afirmou. O objetivo da visita foi colher informações e escrever sobre a situação do país.
Publicado 06/08/2007 21:14
Ganhador de um Oscar por Sobre Meninos e Lobos (2003), Penn chegou a Caracas no último domingo de julho. Durante o tempo em que permaneceu na capital venezuelana, recusou-se a dar entrevistas e apenas agradeceu ao povo da Venezuela e ao presidente Hugo Chávez pela hospitalidade.
Atento o tempo todo às solicitações de quem se aproximava, o ator foi amável ao deixar-se fotografar com dezenas de cidadãos que pediam uma imagem de lembrança. No entanto, manteve-se afastado da imprensa, aparentemente alheio às expectativas geradas por ser uma estrela de cinema.
Simples e como se desculpasse ao falar, Penn passou parte de sua estada no país sul-americano visitando bairros pobres e algumas zonas agrícolas. Além disso, conversou com vários setores sobre a situação social do país.
Na sexta-feira, durante a inauguração de um laboratório de insumos agrícolas biologicamente corretos, presidida por Chávez, Penn foi visto tomando notas, afastado das câmeras de televisão e ouvindo a tradução de Andrés Izarra, presidente da cadeia Telesur, que o acompanhou o tempo todo e foi seu intérprete.
2,5 mil km
Na aldeia de Pueblo Encima, em plena serra andina, Chávez convidou Sean Penn para um desses encontros freqüentes do presidente venezuelano com seus simpatizantes. O presidente da Assembléia Nacional cubana, Ricardo Alarcón, e personalidades que participaram da Cúpula Social para a União Latino-Americana e Caribenha, em Caracas, também estiveram presentes.
Para chegar até a aldeia, situada a quase 2,5 mil metros de altitude, perto da fronteira com a Colômbia, Chávez e Penn percorreram o trajeto em jipe 4×4 de fabricação nacional para uso militar. Centenas de habitantes dessa região andina – dedicada ao cultivo de hortaliças e ao gado – se aglomeraram para ver a passagem da comitiva, com Chávez ao volante do veículo no qual também viajava o ator americano.
Durante quatro horas, o longo comboio presidencial viajou por impressionantes locais ermos dessa região fronteiriça com a Colômbia, considerada em conflito devido aos problemas derivados da violência e do narcotráfico. A principal parada foi num laboratório de bioinsumos para a saúde agrícola integral construído em plena serra andina, com a cooperação tecnológica de Cuba.
''Uma grande Venezuela''
Depois que Chávez pediu a Penn ''algumas palavras para o povo venezuelano'', foram ouvidas as únicas declarações públicas do ator. ''Esperava encontrar uma grande Venezuela e a encontrei. Também vim como jornalista e estou ainda digerindo todas as coisas que vi e venho aprendendo nesta viagem'', disse. ''Agradeço a todo o povo venezuelano e, especialmente, ao presidente Chávez pela hospitalidade com a qual me brindaram.''
Antes, no vôo entre Caracas e o aeroporto de La Fria, o presidente venezuelano já tinha brincado a respeito do silêncio de Penn. Segundo Chávez, ele ''é muito calado'', embora tenha uma ''chama interna''. Chávez também afirmou que Penn é ''muito corajoso'' por suas posições, especialmente pelas críticas à intervenção militar americana no Iraque.
Em outro ato na quinta-feira, em Caracas, o presidente venezuelano disse que o ator é um dos americanos ''em busca da verdade'' – e acrescentou que ele viajou ao Iraque, ao Irã e agora à Venezuela para ver a realidade com seus próprios olhos, cansado das mentiras.
Durante sua estada na Venezuela, o intérprete de A Grande Ilusão (2006) também visitou a Villa del Cine – a produtora estatal criada pelo governo. Segundo fontes venezuelanas, ele mostrou-se interessado na co-produção de filmes.