Aeroviários enfrentam más condições de trabalho

Sobrecarga de trabalho e horas-extras em excesso são os maiores problemas enfrentados pela categoria dos aeroviários. A tragédia do vôo 3054 da Tam trouxe à tona a pressão imposta pelas empresas aos trabalhadores do setor, que são obrigados a atuar em

A regulamentação profissional dos aeroviários determina que a jornada diária seja de seis horas, com possibilidade máxima de duas horas extras por dia. Celso Klafke, presidente do Sindicato dos Aeroviários e presidente da Federação Nacional dos Trabalhadores da Aviação Civil, explica que a escala é mais curta em função da pressão e da responsabilidade dos serviços, como despacho de vôos, manutenção das aeronaves e atuação no check-in. No entanto, o que se verifica hoje é a ausência de folgas regulamentares e jornadas de até 12 horas ou mais por dia.


 


 “Normalmente, esses trabalhadores são submetidos a mais horas do que duas diárias, uma coisa que não é extraordinária, é uma coisa comum, chegando ao limite de trabalhadores que dobram a sua escala de trabalho. Trabalham não seis horas, mas chegam a trabalhar 12 ou até mais horas por dia. Isso tem sido uma constante no trabalho dos aeroviários não só do Rio Grande do Sul, mas em todo o país”, afirma.


 


Além do esgotamento físico, o presidente do sindicato destaca o assédio moral sofrido pelos trabalhadores por parte das empresas aéreas.


 


“Esses trabalhadores, além de toda a pressão que eles sofrem, muitas vezes são obrigados a mentir para os passageiros, são pressionados a agüentar qualquer tipo de agressão verbal ou, às vezes física, sem reclamar, sem dizer nada. As empresas orientam e pressionam eles a agüentar qualquer tipo de agressão ali na frente”, relata.


 


A respeito das investigações sobre o acidente com o Airbus da TAM no dia 17 de julho, Klafke alerta para o cuidado com as especulações, especialmente trazidas pela mídia. Para ele, é necessário cautela na hora de se apontar responsáveis ou culpados.


 


 “As investigações do acidente têm que ser uma coisa absolutamente técnica e séria. Até por que para nós, do setor aéreo, o mais importante é que se saibam as causas desse acidente para que nunca mais se repitam e que nunca mais tenha um novo acidente dessa forma”, diz.


 


Em acidentes aéreos, lembra o presidente do sindicato, quase nunca se verifica somente uma causa, mas sim uma soma de fatores, como problemas na pista, problemas mecânicos e possíveis falhas humanas.


 
Fonte: Agência Chasque