Para dirigente da Contag, solução é reforma agrária
Por Priscila Lobregatte*
“Temos observado que a relação entre canavieiros e usineiros, no que diz respeito aos direitos dos trabalhadores, não tem melhorado. Os usineiros acreditam na impunidade”. As palavras são de Antônio
Lucas Filho, secr
Publicado 07/08/2007 15:03
Segundo ele, até os anos 90 havia cerca de 5 mil fiscais no país. Hoje, disse, o número está em 3.500. “Como o TEM não tem pessoal suficiente e não consegue atender a essa demanda, sabemos que os latifúndios estão, cada dia mais, avançando na precarização do trabalho”, denuncia Lucas Filho.
Para Lucas Filho, é preciso uma ação “mais forte e audaciosa” por parte do governo federal. “No entanto, o que vemos é o governo Lula chamando os usineiros de heróis. Quando um presidente coloca como heróico o latifúndio da cana de açúcar, ele acaba fortalecendo o setor”, queixou-se. E questionou: “essa expansão da produção de cana está centrada na mecanização. E que expansão é essa que não gera emprego, que concentra renda e terra e aumenta o desemprego? Em nome desse crescimento, podemos deixar cerca de um milhão de brasileiros desempregados. Queremos discutir isso com o governo”.
E é com o objetivo de apresentar propostas ao Planalto que a Contag vai realizar em julho um encontro nacional do qual participarão governantes de todos os estados que tenham plantação de cana, além de trabalhadores rurais e sindicalistas. “Por ora, podemos dizer que a solução é avançar na reforma agrária”, disse o dirigente da Contag. De acordo com Lucas Filho, muitos desses trabalhadores que hoje
cortam cana não conseguirão emprego ou qualificação para ocupar a indústria sucroalcooleira. “A maior parte precisará ficar na terra. É esse o desejo da maioria deles”, ressaltou.
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* Matéria originalmente publicada na versão eletrônica do jornal A Classe Operária, em fase de teste. Para ler a última edição do jornal, clique aqui.