Agosto de luta: CUT inicia protestos dos movimentos sociais
A CUT espera reunir 20 mil em Brasília nesta quinta (15) por mais direitos para os trabalhadores. Na pauta a manutenção do veto a Emenda 3 e a defesa do direito de greve. Em seguida, metroviários em SP realizarão protestos na sexta-feira (17). O objetivo
Publicado 14/08/2007 23:52
O mês de agosto será um dos mais mobilizados na agenda dos movimentos sociais brasileiros. Entidades ligadas à terra, moradia, trabalho e educação, levarão milhares às ruas, pela defesa dos direitos básicos da população e pelo desenvolvimento do País. Na contramão da história o Movimento Cívico pelo Direito dos Brasileiros, vulgo ''Cansei'', também fará um protesto mudo. Madames e empresários farão um minuto de silêncio em SP e no RS.
CUT abre alas
Quem começa os protestos é a Central Única dos Trabalhadores (CUT), que espera reunir cerca de 20 mil pessoas em Brasília nesta quinta (15), no seu Dia Nacional de Mobilização. Os trabalhadores vão cobrar do governo federal e do Congresso Nacional o abandono de projetos recentes contrários aos interesses da classe trabalhadora. Eles querem negociar propostas preparadas e discutidas nos fóruns da Central e de seus sindicatos filiados.
Em entrevista ao portal EstudanteNet, a secretária nacional de política sindical da entidade, Rosane Silva, diz que a manutenção do veto à Emenda 3 – que transformará trabalhador com carteira assinada em contratado e, portanto, retirará direitos do trabalhador – e a permanência do direito de greve são eixos centrais da campanha.
''Essa luta vem sendo realizada desde o início do ano, com pressão junto ao executivo, para garantir o veto à Emenda 3. A partir de abril, começamos uma série de manifestações pelo país, que se estenderam à jornada do dia 23 de maio e agora se renovam com o 15 de agosto, abordando também o direito de greve e retirada imediata do PLP01/2007'', explicou Rosane.
Segundo ela, a manifestação em Brasília ainda servirá de protesto em favor da reforma agrária, por uma previdência pública e universal e pela redução dos juros e do superávit primário, como forma de alavancar o desenvolvimento do País.
''Iremos mostrar ao governo federal qual é o nosso projeto para o Brasil. Nós queremos que esse governo, que foi eleito no seio da classe trabalhadora, coloque em prática a pauta que o levou à presidência'', disse.
Os metalúrgicos, acampados desde o dia 13 em Brasília, engrossarão as manifestações da CUT. Nesta terça-feria (14) eles defenderam em audiência no Senado a redução da jornada de trabalho sem redução dos salários para 36 horas semanais.
Metroviários
Na sexta-feira (17) o Sindicato dos Metroviários de São Paulo e a Federação Nacional dos Metroviários sairão as ruas na capital paulista para denunciar a onda de demissões que o governo do Estado de SP tem promovido. Em defesa do serviço público, pelo direito de greve e contra as demissões eles promoverão, em conjunto com outras entidades do movimento sindical, um protesto que se iniciará a partir das 16h na Praça Ramos.
Segundo Flávio Godoi, presidente do Sindicato dos Metroviários, Serra já anunciou a demissão de um terço do quadro de funcionários do CDHU [Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo], os trabalhadores do IPT [Instituto de Pesquisas Tecnológicas] estão em campanha salarial desde junho, os eletricitários já marcaram uma greve para o dia 20 e os professores da rede estadual pública estão discutindo fazer uma greve no dia 24.
“Então o ato somará todas essas reivindicações. Acredito que há caldo de insatisfação suficiente para desmascarar o quanto o governo do PSDB tem feito mal a São Paulo”, declarou recentemente ao Vermelho. Em represália a paralisação promovida pela sindicato nos dias 2 e 3 de agosto o governo do estado e o Metrô demitiram 61 trabalhadores.
Wagner Fajardo, presidente da Federação dos Metroviários, também informou que nesta quarta-feira (15) as entidades deverão estar lançando uma Carta Aberta a população convidando a participar dos protestos. Mais de 50 entidades a assinam.
Cansei
Na contramão das manifestações promovidas pelos movimentos sociais, o Movimento Cívico pelo Direito dos Brasileiros, vulgo ''Cansei'', promoverá manifestações a partir das 13h na Praça da Sé, em São Paulo, e no Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, nesta sexta-feira (17).
Segundo informação do site do movimento (www.cansei.com.br), eles farão um Ato Ecumênico, depois um minuto de silêncio em defesa do Brasil e, em seguida, encerrarão o ato com o Hino Nacional.
Embora o líder do movimento, Luiz Flávio Borges D´Urso, presidente da OAB-SP, diga que o ato não tem relação com partidos políticos, nas últimas manifestações bandeiras e gritos de ordem contra o Governo Federal foram entoadas por madames e empresários apoiadores do movimento.
Marcha das Margaridas
A Coordenação Nacional de Mulheres da Confederação Nacional dos Trabalhadoras na Agricultura (Contag), as coordenadoras de mulheres das federações de diversos estados brasileiros e as representantes das entidades parceiras da Marcha das Margaridas 2007 farão a maior mobilização nacional das trabalhadoras rurais nos dias 21 e 22 de agosto.
O ponto alto da Marcha será a manifestação em Brasilia no dia 22. Com o lema ''Contra a Fome, a Pobreza e a Violência Sexista'' mais de 50 mil trabalhadoras reivindicarão a garantia de emprego e melhores condições de vida e trabalho das assalariadas rurais, política de valorização do salário mínimo, defesa de uma Previdência Social pública e solidária, a defesa da saúde pública e do SUS, a educação do campo e não-sexista e pelo fim da violência contra as mulheres.
As bandeiras foram definidas em um seminário realizado neste mês. Além do protesto do dia 22, elas também promoverão atividades com três eixos temáticos em todo País. São eles: terra, água e agroecologia; segurança alimentar, nutricional e a construção da Soberania Alimentar; trabalho, renda e economia solidária.
A União Brasileira de Mulheres (UBM) está na mobilização da Marcha. Segundo Liége Rocha, ''a Marcha é um importante acontecimento anual que traz para a agenda política do País os dilemas e as necessidades não só das trabalhadoras rurais, mas de todas as mulheres que sonham em ver uma Brasil emancipado, soberano, com desenvolvimento e igualdade de gêneros.''
Estudantes fecham mobilizações
No embalo dos protestos e quase ao mesmo tempo que as trabalhadoras rurais, a UNE e a Ubes convocaram todas os representantes dos movimentos sociais para uma Jornada de Lutas. As principais atividades acontecerão entre os dias 20 e 24, com destaque para a ''Passeata em defesa da Educação'', no dia 22, que reunirá as principais entidades do país com uma bandeira unificada.
Em todos os estados, as entidades estudantis formaram comandos de mobilização e já definiram e discutiram pautas nacionais e específicas. Vão acontecer ocupações e passeatas em diversas capitais, como São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e muitos outros.
A secretária nacional da CUT avisou que o movimento sindical irá aderir, com todas as forças, à luta dos estudantes. ''Nós lutamos, historicamente, por uma educação pública e temos o maior carinho pela luta desenvolvida pelos estudantes'', ressaltou.
A pauta de reivindicações foi definida pelos estudantes em conjunto com a Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS). Ela têm 18 itens ligados ao ensino básico e superior considerados essenciais para o desenvolvimento nacional. Entre eles estão a erradicação do analfabetismo, a ampliação do acesso à universidade e a implementação de ações afirmativas, gestões democráticas nas escolas de ensino médio e o passe livre Estudantil.
A Jornada de Lutas vai reivindicar também a criação do Plano Nacional de Assistência Estudantil, com recursos na faixa de R$ 200 milhões, a ampliação do financiamento das Instituições Federais de Ensino Superior (mínimo 7% do PIB), a luta para extinguir a cobrança de taxas e mensalidades nas Universidades públicas e a ampliação do número de vagas nas IFES, principalmente no período noturno.
Veja abaixo o calendário de manifestações.
15/08 – CUT
9h – Concentração: Canteiro Central em frente ao Museu Nacional (Quadrante 2), onde está armada a Tenda da CNM;
10h – Caminhada em Direção ao Congresso Nacional;
12h – Ato da CUT no Congresso Nacional
– “Abraço ao Congresso Nacional”
– Show de bexigas
13h – Encerramento do ato político
17/08 – Metroviários
16h – Ato e protesto na Praça Ramos, em São Paulo
17/08 – Cansei
Na Praça da Sé, em São Paulo, e no Aeroporto Salgado Filho, Porto Alegre
12h – Chegada
12h30 – Ato ecumênico
13h – Minuto de silêncio
13h – Hino Nacional e encerramento
21 e 22/08 – Marcha das Margaridas 2007
Dia 22 manifestação com 50 mil em Brasília
20 a 24/08 – UNE e Ubes
Dia 22 protestos conjuntos com a CMS
Fonte: Da redação com informações do Portal EstudanteNet