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Violência volta a ser destaque no futebol argentino

“Sou inocente”, afirmou na segunda-feira (13) um dos torcedores do River Plate da Argentina, suspeito de assassinar outro torcedor da mesma agremiação, em uma entrevista a uma rádio local amplamente divulgada pelas redes de televisão locais.

O assassinato a tiros de Martín Gonzalo Acro colocou sob tensão o futebol argentino no fim de semana passado e forçou o governo a suspender a partida entre River Plate e Newell's Old Boys, jogo que faria a abertura da primeira divisão.


 


Os recentes atos de violência representam uma feroz luta de poder, que também tem matizes econômicos, entre torcedores do River, segundo refletiu a imprensa, concordando com a opinião do promotor criminal responsável pelo caso, José María Campagnoli.



Alan Schlenker, identificado como um dos líderes de uma facção de torcida “Los Borrachos del Tablón”, do River Plate, rompeu na segunda-feira o silêncio e se declarou como um inocente e inofensivo simpatizante de futebol, depois de Adrián Rosseau, outro torcedor violento, ter lhe acusado de ser o autor intelectual do assassinato de Acro.



Segundo informou uma fonte judicial, os irmãos disputavam a liderança da “barra brava”, como são chamadas as organizações violentas dentro do futebol argentino. Ainda não há, no entanto, provas concretas sobre a participação dos Schlenker no assassinato de Acro, de 29 anos, ocorrido na noite de quarta-feira.



Nessa noite, Acro estava com Osvaldo Matera, outro integrante da torcida, e os dois foram surpreendidos por dois carros no bairro de Villa Urquiza, ao norte de Buenos Aires.



Acro chegou ao Hospital Pirovano com duas balas na cabeça em estado gravíssimo, segundo os médicos. Ele ingressou ao centro médico, não resistiu e morreu de madrugada. Matera, de 28 anos, foi atingido com tiro nas costas, mas foi hospitalizado e recebeu alta poucas horas depois.



Segundo testemunhas, os carros utilizados na emboscada têm as mesmas características de veículos usados pelo grupo dos irmãos Schenkler. No velório de Acro, o líder da torcida, Adrián Rousseau, e outros integrantes agrediram jornalistas, enquanto vários torcedores esconderam os rostos para não serem filmados.



Na noite de ontem, em entrevista, feita pelo jornalista Fernando Niembro, na emissora local La Red e que ganhou ampla divulgação em outros meios e nas redes de TV, Schlenker disse que “é tudo mentira, sou inocente”.



“Estou preocupado por minha vida, embora não tome cuidados”, confessou o torcedor, que admitiu se sentir “triste” pelo que está acontecendo no River e assegurou que o assassinado era seu “amigo”.



“A emboscada foi organizada por Alan. Ele tem um álibe, mas há dez dias entraram em contato com dez mercenários”, revelou Rousseau a revista Veintitrés.



“Estou muito triste por tudo que aconteceu e está acontecendo. Gonzalo foi muito amigo. Saíamos juntos. Para ir correr. Compartilhamos viagens e coisas privadas, amorosas. Tivemos uma amizade de muitos anos, íntima”, confessou Schlenker.



O torcedor comentou que a relação que mantém com os dirigentes do clube “é a mesma que qualquer sócio tem” e reforçou que não teve participação na venda de passes de jogadores, como denunciaram alguns meios de comunicação.



“Nunca fui a favor da violência. Ir ao campo é como um hobby. Passei a não poder ir com freqüência porque estava muito ocupado por meu trabalho. Não tenho nenhum interesse econômico no futebol”, defendeu-se.


 


Ele também afirmou que depois da morte de Acro, decidiu não ir mais ao estádio. “A morte de Gonzalo é um fato gravíssimo e que estejam acusando a mim também. Esse dia posso dizer onde estava. Quero que Adrián (Rosseau) vá à Justiça e por favor fale”, afirmou.



“Se eu vou me apresentar à Justiça? Absolutamente sim”, completou antes de agradecer insistentemente ao jornalista que o entrevistou por permitir que ele contasse sua versão dos fatos à mídia.



O promotor Campagnoli pediu há dias atrás ao juiz, que interviesse no assassinato de Acro, Luis Rodríguez, que peça o inquérito dos irmãos Schlenker.


 


Da redação, com agências