“A violência não vai calar a nossa voz”, diz diretora da UNE
Mais uma vez a direita mostrou sua face mais truculenta, repressora e intolerante. Numa ação agressiva, que se assemelha aos tempos de ditadura militar neste país, a Tropa de Choque da Policia Militar do Estado de São Paulo invadiu a ocupação simbólica qu
Publicado 24/08/2007 17:54
Esta foi a demonstração mais clara do desrespeito ao movimento social brasileiro. A direita paulista conseguiu romper as fronteiras do estado e violentar a luta de milhares de mulheres e homens, velhos e jovens, estudantes e trabalhadores, pessoas do campo e da cidade, que se uniram para colocar nas ruas do Brasil uma Jornada de Lutas unificada. Trata-se de uma confissão de culpa e de medo diante da organização de pessoas dispostas a lutar diante das injustiças por direitos que lhes são sistematicamente negados.
Incomoda tanto ver a diversidade deste país pisando no majestoso chão da imponente Faculdade de Direito da USP? Será que fere tanto o ego desta elite branca e burguesa estar sob o mesmo teto que mulheres e homens sem terra, sem universidade, sem direitos mínimos garantidos? Será que as cadeiras que já foram ocupadas por Álvares de Azevedo, Prudente de Moraes, Ulysses Guimarães, Franco Montoro, Ruy Barbosa e o Barão do Rio Branco, se sentirão ofendidas em ser assento de negros, pobres e sem-terra?
Isto só demonstra o quanto o governo do Estado de São Paulo e a Universidade de São Paulo são conservadores e não conseguem conviver com a diversidade. São incapazes de entender que a universidade é um espaço de exercício da democracia, confronto de idéias e pluralidade de opiniões. Uma USP popular e democrática é o que reivindicam aqueles que estão diante da negativa de garantia do direito de acesso ao ensino. A universidade pública precisa de todas as caras, todas as cores, todos os povos.
A UNE, o MST, a Educafro, o MSU e todos os movimentos sociais que foram violentados pela política repressora de José Serra e seus comandados não irão se intimidar. Somos nós os atores das conquistas deste país e nossa história é o que temos como maior prova da capacidade de superação. Já estivemos diante do sangue de companheiros que deram a própria vida em nome da justiça social e é por eles e por todos aqueles que continuam sendo vítimas deste sistema excludente que iremos às ruas em todos os dias de nossa militância.
O combustível de nossa jornada é a indignação diante do sofrimento, da injustiça, do desrespeito, da dor. O que esta ação desequilibrada e desastrosa da Tropa de Choque paulista, sob o comando do governo do estado, fez foi nos abastecer para continuarmos caminhando rumo ao ideal de transformação da sociedade. Não é por força bruta que iremos nos calar. Não são armas e cassetetes que encerraram nossa batalha. Enquanto houver um fio de inconformismo em nosso coração, esta guerra não vai cessar.
Vamos às ruas! Ainda temos uma Jornada de Lutas para cumprir.