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Jornada da Educação mobilizou 100 mil em todo País

Para Lúcia Stumpf, presidente da UNE, apesar da repressão e truculência que ocorreram em SP e em MG, as mobilizações da semana de protestos foram positivas. ''Mais de 100 mil estudantes de 20 estados participaram da Jornada, o que garantiu que a sociedade

Munidos de 18 pontos de reivindicações, mais de 10 entidades da área de educação, realizaram ocupações, debates e manifestações e sacudiram universidades e escolas na última semana. 


 


No dia 22, grandes protestos nas cidades do Rio de Janeiro, Salvador e Porto Alegre, entre outras, marcaram a necessidade de ampliar os investimentos e o acesso à educação pública e regulamentar o funcionamento das instituições privadas no Brasil.


 


Irreverência e indignação foram as marcas da Jornada, que teve como contra-ponto truculência e repressão por parte de governos do PSDB. Faixas com dizeres “contra a criminalização dos movimentos sociais”, estiveram presentes em praticamente todas as manifestações.


 


A Jornada também encerra inúmeras mobilizações realizadas no chamado “agosto de lutas”, onde CUT mobilizou 20 mil no dia 15 e a Fetag 50 mil mulheres no dia 22, o que seriam cerca de 180 mil pessoas mobilizadas pelos movimentos sociais no mês de agosto. As mobilizações revelam um contraste ao protesto do Movimento Cívico pelo Direito dos Brasileiros, o “Cansei”, que levou dois mil a Praça da Sé no dia 17.     


 


Violência tucana


 


Em São Paulo, a ocupação à Faculdade de Direito da USP foi duramente reprimida pela ação da Tropa de Choque da Polícia Militar. Sob ordens do governador José Serra (PSDB) e do diretor da Faculdade, João Grandino Rodas, cerca de 111 pessoas foram presas na madrugada da quarta (22), sendo liberadas por volta das seis horas na manhã.


 


Em Belo Horizonte, em função da ocupação de uma das empresas da Companhia da Vale do Rio Doce, a Tropa de Choque também foi acionada. Com o uso da violência mais de 100 pessoas, entre elas mulheres e crianças, foram retiradas da empresa. 


 


Apesar do caráter simbólico das ocupações, que pretendiam ficar por apenas 24 horas, os governadores tucanos de SP e MG reafirmaram que com o PSDB não existe possibilidade de diálogo com os movimentos sociais.


 


Repressão


 


A Jornada também fez com que duas faculdades de São Paulo suspendessem as aulas nesta sexta (24). Para tentar impedir um ato de repúdio a ação da PM na Faculdade de Direito da USP, Rodas suspendeu as aulas via e-mail na quinta à noite “para evitar o contato dos estudantes com pessoas de fora da universidade”, segundo declaração dada ao Portal G1.


 


Já a assessoria de imprensa do Centro Universitário Nove de Julho (Uninove), alegou que a suspensão das aulas da Unidade Vergueiro na sexta-feira (24) se deu para “evitar transtornos aos alunos que não conseguiriam entrar na faculdade por causa da manifestação”.


 


O protesto que encerrou a Jornada pela Educação ocorreu na Rua Vergueiro, um dos maiores corredores de universidades pagas do centro de SP. Com irreverência e indignação, 800 estudantes da Unip (Universidade Paulista), Uninove e unidades da FMU (Faculdades Metropolitanas Unidas) queimaram um tubarão de papelão e cartolas do Tio Sam – numa referência ao processo de desnacionalização do ensino superior em curso no País.      


 


Indignação


 


A estudante de enfermagem da Uninove, Silvana Soares de Souza, 25 anos, repudiou a atitude de dispensar as aulas no dia do protesto. “Na hora de pagar a mensalidade as portas estão sempre abertas, mas no dia do nosso protesto fecham-se os portões, dispensa-se os professores e estudantes. Essa atitude é de puro autoritarismo”, critica.


 


Quando Silvana entrou na Uninove, em 2004, pagava R$ 378,00. Hoje, no sétimo semestre, ela paga R$ 748,00, sem contar as taxas cobradas pela faculdade para aquisição de serviços, como comprovante de matrícula, entre outros.


 


Já a estudante de jornalismo da Unip, Marta Gonçalves, 36 anos, não engole o fato de ter visto a colega mais brilhante de seu curso parar de estudar por inadimplência. “Ela era muito inteligente e esforçada. É um absurdo ter que parar de estudar por falta de dinheiro”, desabafa.


 


Para Luís Guilherme Guimarães, 22 anos, estudante de direito da FMU, o maior problema é a qualidade de ensino. “Alguns professores eu admiro, mas grande parte nem se quer concluiu a graduação. Nossa biblioteca é outro problema, além de ser muito pequena, você precisa de muita sorte para encontrar o livro que precisa lá”, disse.


 


Ineditismo


 


A grande maioria dos estudantes que participaram do protesto na sexta também são trabalhadores. Eles desceram o corredor Vergueiro entoando “não pago, não pago, educação não é supermercado” e esperam que mais protestos como estes se repitam.


 


“Sem mobilização nunca vai ter mudança. A gente não pode parar, precisa é continuar fazendo manifestação”, disse ao Vermelho Murilo Mendes, 44 anos, do Diretório Acadêmico do curso de Direito da Uninove.      


 


Foi a primeira vez que as entidades estudantis, UEE-SP (União Estadual de Estudantes) e Upes (União Paulista dos Estudantes Secundaristas), realizaram um protesto no corredor da Vergueiro. Se depender de Augusto Chagas, presidente da UEE-SP, o ineditismo da mobilização não acabará na sexta.


 


“Esse protesto foi o abre-alas para um semestre inteiro de manifestações que faremos. Não vamos descansar na luta contra os tubarões e pela regulamentação do ensino superior”, disse.   


 


Veja abaixo as entidades que promoveram a Jornada da educação:


 


MST, Via Campesina, UNE, Ubes, Andes, Conlute, CMP, CMS, Conlutas, Consulta Popular, Contraponto, CPT, Abong, Círculo Palmarino, DCE/PUC-PR, DCE/UFBA, DCE/UFPR, DCE/UFSE, DCE/UNIBRASIL, DCE/Unicamp, DCE USP, Educafro, Denem, Enecos, Enef, Enefar, Enen/ Nutrição, Exneto/ Terapia Ocupacional, , Feab, Femeh, Gaviões da Fiel, Intersindical, Juli-RP, Levante Popular, Mab, Mais-PT, Marcha Mundial das Mulheres, MCL, MMC, MMM, Movimento Correnteza, Movimento Mudança, MPA, MSU, PJR, Reped, Romper o Dia, UJC, UJR, UJS, UEE. UEE-SP, Juventude Libertária – Resistência Popular, Participação & Luta – Resistência Popular, Organização Socialista Libertária (OSL), Fórum do Anarquismo Organizado (FAO), ENEFI – Executiva Nacional dos Estudantes de Fisioterapia.


 


Para saber mais:


 


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