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Campanha “A Vale é Nossa” se espalha pelo Brasil

Nos sindicatos, nos locais de trabalho, nas associações de moradores de bairro, nos salões paroquiais, a campanha A Vale é Nossa, pela anulação do leilão da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), está se espalhando e construindo o plebiscito popular programad

O objetivo do plebiscito popular parte de um fato concreto: a possibilidade de reverter na justiça o leilão da Vale do Rio Doce – datado de 1997, em uma venda marcada por irregularidades. Os movimentos sociais pretendem realizar um amplo debate com os brasileiros a partir da pergunta: “Em 1997, a Companhia Vale do Rio Doce – patrimônio construído pelo povo brasileiro – foi fraudulentamente privatizada, ação que o Governo e o Poder Judiciário podem anular. A Vale deve continuar nas mãos do capital privado?”


 


Os meses de junho e julho foram marcados pela consolidação dos comitês da campanha em cada Estado, compostos por diferentes organizações. A tarefa dos comitês estaduais é a de formar lideranças para a criação de comitês locais, em bairros, sindicatos, em cada comunidade.


 


Rio de Janeiro


 


O comitê da cidade de Volta Redonda (RJ), por exemplo, tem como objetivo instalar urnas em quatro centros comerciais da cidade, também em praças e na prefeitura, durante a semana do plebiscito. Conta ainda com duas “urnas volantes”, uma outra possibilidade de votação, quando os militantes devem percorrer a cidade de carro para incentivar a participação popular.


 


Cidade marcada pela história da luta dos trabalhadores da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), a fábrica é um dos alvos para discutir com a população a retomada da Vale.


 


“Panfletamos na porta da usina”, relata Maria das Dores Pereira, do comitê estadual. As organizações em Volta Redonda ainda guardam 400 modelos de urnas que tinham sido elaborados na época do plebiscito sobre a Alca (2002), para eles uma referência para a organização do plebiscito em 2007.


 


Paraná


 


No Paraná, o comitê estadual incentivou a criação de comitês em 17 cidades, que a partir daí organizam suas atividades, com a tarefa de multiplicar a campanha nos municípios vizinhos. Na região de Maringá, a multiplicação de lideranças tem sido feita a partir das paróquias, assentamentos e acampamentos dos movimentos do campo e demais movimentos sociais.


 


Para João Aparecido da Silva, da cidade de Sarandi, o objetivo é que a campanha ganhe capilaridade entre as associações de moradores da região. Silva reclama da falta de mobilização das massas atualmente. Pensa, porém, que a formação de espaços e a articulação de diferentes organizações é uma contribuição da atual campanha.


 


“Não conseguimos espaço na mídia, mas o que vai ficar de articulação para depois do plebiscito é algo inédito, qualquer outra atividade vai colher o resultado positivo dessa articulação. O tema do plebiscito é bom para aglutinar a militância”, antecipa. Informes de atividades chegam de Norte a Sul do país. No Mato Grosso, o plebiscito foi divulgado durante atividade da jornada nacional em defesa da educação pública.


 


Objetivos


 


A campanha A Vale é Nossa continua após o plebiscito popular. Será feita uma apuração dos votos, realizada primeiro pelo comitê de cada Estado, coletando os resultados fornecidos pelos comitês locais e enviando para a secretaria nacional da Campanha. O resultado do plebiscito será entregue para o poder Executivo, Legislativo e Judiciário, como mecanismo de pressão pela nulidade do leilão da Vale.


 


As entidades da rede da Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS) definiram a sede nacional da CUT como a central do recolhimento de votos e resultados do Plebiscito. “Estamos no Comitê Nacional da campanha a Vale é Nossa, mas como há movimentos que pautarão outras questões, além da privatização da Vale no plebiscito, definimos a CUT como a central de recolhimento dos resultados. Porém, a divulgação geral do plabiscito será conjunta”, avaliou Wanderley Gomes, da Associação Nacional de Moradores (Conam), na última reunião da CMS. 


 


A entrega será feita por uma representação ampla das organizações que construíram o plebiscito. Atos de rua nos Estados devem marcar a entrega. “A entrega, no dia 24 e 25 de setembro, será seguida de atos de rua para dar mais força na entrega do resultado do plebiscito. Enquanto uma comissão se mobiliza para entregar o resultado, as pessoas se mobilizam nos seus Estados”, comenta Carlos Renato Monteiro, da secretaria nacional da Campanha. Na mesma data, as organizações irão se reunir para uma avaliação do plebiscito e para definir os próximos passos da campanha.


 


“A volta da luta”


 


Os comitês organizam atos de rua e panfletagem junto à população, nesta reta final antes do plebiscito. Em Volta Redonda, por exemplo, a crítica às privatizações é forte, afinal a CSN foi a primeira companhia a ser privatizada (1993), além de, quatro anos mais tarde, formar o consórcio comprador da Vale na época do leilão.


 


O trabalho de conscientização parte do fato de que as organizações locais começaram a se organizar a partir da greve dos trabalhadores da CSN ocorrida neste ano, depois de 14 anos de silêncio. A partir de então, criou-se então um fórum que envolve de metalúrgicos ao movimento estudantil. “Com a greve da CSN rearticulamos as entidades e criamos o fórum ‘A volta da luta’, e a campanha está dentro deste fórum”, comenta Maria das Dores Pereira.


 


Da Redação, com informações do Brasil de Fato