Internet por rede elétrica: a revolução que ainda não nasceu
É tão rotineiro que não se nota. Nos cabos de transmissão de eletricidade, no alto dos postes e nos túneis subterrâneos, a eletricidade percorre distancias enormes abastecendo todos os cantos do Brasil com energia. Há uma tecnologia, contudo, que pode lev
Publicado 30/08/2007 16:23
Ao contrário da energia elétrica – longa em com freqüência baixa –, o sinal de telecomunicações é muito mais curto e tem uma freqüência altíssima. Na prática, qualquer interrupção no sinal ou falha na rede pode gerar perdas irrecuperáveis. Essas características podem resumir os caminhos da PLC no Brasil. Como o seu sinal, a PLC mostrou-se delicada e frágil para o ambiente de telecomunicações no País, de uma revolução alardeada para uma opção de nicho.
Andre Litmanowicz, sócio da consultoria iCG e ex-presidente da Arthur D. Little, conta que, em 2004, começou a ter reuniões com as empresas do setor para discutir a viabilidade do PLC. Naquele momento, defende, havia uma demanda imensa por acesso à internet, com poucos competidores – sem as empresas de telefonia e de televisão a cabo – e com baixa qualidade de serviço. “Hoje, o mercado é altamente competitivo e definido por preço. O único caminho do PLC atualmente está em aplicações especiais”, acredita. Litmanowicz participou de oito projetos pilotos em distribuidoras de energia e, até hoje, nenhum foi lançado ao mercado.
Um prédio de escritórios que quer economizar com cabos, o governo que aproveita a instalação elétrica das escolas públicas para garantir acesso à internet ou uma rede de varejo que não pode passar cabeamento em uma estrutura congelada. Esses são alguns dos exemplos que, para o especialista, a adoção do PLC faz sentido. “Nestes exemplos, é garantida a escala e o preço pode ser diluído pelo número de usuários. Assim, a tecnologia fica com um custo viável”, comenta.
A idéia de que a internet por rede elétrica pode ser a resposta para a inclusão digital de áreas afastadas ou rurais, muito afastadas dos grandes centros, é enganosa. De acordo com o especialista, o PLC só é possível na chamada “última milha” – do poste ao aparelho – o que reduz a disponibilidade da adoção da tecnologia. “O negócio de energia é escala, assim como comunicação. O PLC só tem preço competitivo com adoção maciça, com muitos consumidores para diluir o custo dos aparelhos”, aponta.
Acima de tudo, destaca o especialista, existem outros dilemas maiores para as empresas de energia. Estimativas apontam que o setor perde R$ 5 bilhões por ano com “gatos” e perdas de distribuição, além da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) e as suas regulamentações. “Se a empresa falar para o acionista 'vou fazer PLC', vai ouvir: 'primeiro resolve o problema principal da distribuição, dos gatos e das perdas durante a distribuição'”. Esta é uma questão que precisa ser resolvida”, conclui Andre Litmanowicz.
Fonte: Computer World