Maristela Maffei questiona ''Portais da Cidade''
A Vereadora Maristela Maffei, PCdoB – Porto Alegre, foi à Tribuna da Câmara manifestar-se sobre a proposta da Prefeitura de criação dos chamados ''Portais da Cidade'', um projeto que visa construir quatro terminais rodoviários na capital gaúcha. O custo d
Publicado 30/08/2007 11:12 | Editado 04/03/2020 17:12
Observando os anexos (principalmente o anexo II) da manifestação de interesse divulgados no site da prefeitura, foi possível perceber que a quantidade de passageiros que deveriam ser transportados é superior a oferta de lugares nos horários do Pico, tanto da manhã quanto da tarde, como o veículo de projeto é ônibus articulado com capacidade, segundo os fabricantes, de no máximo 140 passageiros. A capacidade por hora é dada se considerando que cada ônibus sai do terminal no intervalo de 1 minuto.
Pico manhã: (entre 7h e 7h59 min) Largo Zumbi- 10407 passageiros contra a capacidade por hora: 8400 passageiros – resultando 2007 passageiros não transportados; Parada Fernando Machado – 10216 passageiros, contra capacidade por hora de 8400 passageiros, igual a 1816 passageiros não transportados. Pico tarde: (entre 18h e 18h59min) – Parada Rua da Praia(esquina democrática): 9940 passageiros para capacidade por hora: 8400 passageiros, resultando 1540 passageiros não transportados; Parada Fernando Machado: 10260 passageiros para capacidade por hora de 8400 passageiros, igual a 1860 passageiros não transportados.
Segundo Site da prefeitura as saídas dos ônibus será a cada 1min30seg, logo a capacidade por hora irá cair para 5600 passageiros por hora alterando o volume de passageiros não transportados para o valor mínimo de 4340 e valor máximo de 4807.
Maristela Maffei salientou que áreas como a Câmara Municipal, a Receita Federal, a Usina do Gasômetro e o entorno, sofrerão um isolamento, sendo que a forma mais fácil de se chegar nessas localidades por ônibus será, descer na Borges de Medeiros próximo aos Açorianos e escolher entre seguir a pé ou pagar mais uma passagem, utilizando a linha T1.
Um argumento muito comum para a implantação dos portais usado pela prefeitura é o fim das longas filas de ônibus que se formam nos corredores, só que as filas continuarão por exemplo na Av. Assis Brasil, pois os ônibus que por ali trafegam terão seu final de linha no atual Terminal Cairú, logo na Assis Brasil não haverão mudanças quanto a quantidade de ônibus.
Outro argumento comum é a redução do tempo para se chegar no centro mas esse argumento se torna frágil quando analisamos a questão da Av. Osvaldo Aranha, os ônibus que por ali trafegam irão para o Largo Zumbi, ao invés de entrar em direção ao túnel que da acesso à rodoviária, portanto, o usuário que deseja ir a rodoviária acabará indo até o largo Zumbi, para depois pegar o ônibus que vai transitar na Borges de Medeiros em direção ao mercado e depois a Av. Julio de Castilho, para finalmente chegar na rodoviária. ''Será que vai ser mais rápido mesmo?'', questiona a vereadora comunista.
''Provavelmente, haverá um aumento de volume de tráfego no entorno dos futuros Portais, principalmente o do Largo Zumbi dos Palmares, deve-se avaliar se as ruas do entorno tem capacidade física (dimensão de faixa de rolamento e de calçada) suficiente para esse aumento da demanda, pois não devemos esquecer que está no projeto Shoppings Centers que são concentradores de pedestres e carros'', diz Maristela Maffei.
Por fim, o sistema que está tentando ser implementado em Porto Alegre só leva o nome de BRT. Um sistema desses (também chamado de trem sobre pneus) consiste em corredores atravessando a cidade, com terminais distantes do centro da cidade, ou (como acontece em Curitiba) até fora da cidade, nas cidades vizinhas, ex. Terminal do eixo leste-oeste é em Pinhais, região metropolitana de Curitiba. Em Porto Alegre nenhum terminal está a mais de 5 km do centro, no caso do Largo Zumbi dos Palmares o terminal pode ser considerado dentro do centro, no máximo no entorno do centro.
Se fizermos uma comparação entre Curitiba e Porto Alegre, veremos que o corredor leste-oeste, na capital paranaense teve um investimento de 55,6 milhões para reforma de quatro terminais e construção de dois, com 36 paradas novas por sentido, totalizando 72 estações tubo, numa extensão de 20 km no novo corredor e o alargamento de duas avenidas.
O valor orçado para Porto Alegre é de 270 milhões, ou seja, 4,8 vezes maior que o de Curitiba, para quatro terminais, sendo que um já está pronto. 23 paradas, sendo que sete já existem. 17 km de extensão, sendo que em 9 km já existe corredor pronto. ''Por tudo isso, penso que devemos tomar muito cuidado e estudarmos mais sobre esse projeto. Não se trata aqui de oposição pela oposição, mas da responsabilidade que nós, como representantes da sociedade, temos que ter'', finaliza Maffei.
De Porto Alegre
Sônia Corrêa