Sem categoria

Polícia vai investigar ameaças de empresa à camponeses

No último dia 22, a Juíza Jaqueline Alllevi da Comarca de Cascavél, na região Oeste do Paraná, determinou a abertura de inquérito pela Delegacia de Polícia de Santa Tereza do Oeste, para investigação de porte ilegal e disparo de arma de fogo, pelo grupo d

A abertura do inquérito foi solicitada pelo Ministério Público durante audiência para apurar as ameaças feitas pelo grupo armado às famílias que moram no assentamento Olga Benário, que faz divisa com a área da empresa. Freqüentemente “seguranças” contratados pela multinacional vêm ameaçando as famílias assentadas no local, com arma de fogo.


 


Histórico


 


Em 20 de julho deste ano, seguranças armados invadiram lotes de assentados efetuando disparos e ameaçando mulheres e crianças. As famílias registraram Boletim de Ocorrência na delegacia do município.


 


Outros agricultores do assentamento também foram ameaçados por cinco “seguranças” da Syngenta, armados com calibre 12 e pistolas 9 milímetros, um dia antes da invasão no assentamento.


 


O fato aconteceu quando os trabalhadores perceberam que o grupo retirava uma bandeira hasteada, chegando a atirar na mesma, que se encontrava dentro do assentamento, próximo a divisa da área da empresa. Ao se aproximarem do local os agricultores foram ameaçados pelo grupo armado, algumas pessoas tiveram armas apontadas para suas cabeças.


 


Desde de que os camponeses da Via Campesina desocuparam a área, a transnacional mantém cerca de 20 homens fortemente armados no local.


 


Movimento dos Produtores Rurais


 


Alguns agricultores reconheceram parte dos pistoleiros como os mesmos que atuaram no despejo violento e arbitrário das famílias do MLST em Lindoeste, há alguns meses, sob o comando da Sociedade Rural do Oeste do Paraná (SRO).


 


Na época o presidente da SRO, Alessandro Meneghel, assumiu publicamente que o despejo da área foi a primeira ação promovida pelo Movimento dos Produtores Rurais (MPR). Esse movimento foi criado pela SRO em abril de 2007, para financiar milícias privadas contra os trabalhadores rurais Sem Terra e promover ações de desocupações ilegais em áreas ocupadas pelos trabalhadores.


 


As 70 famílias que ocuparam a área de 144 hectares da Syngenta para denunciar o plantio ilegal de soja e milho transgênicos, saíram do local há 16 meses, no dia 18 de julho, e agora estão acampadas no assentamento Olga Benário.


 


Segurança


 


Apesar da desocupação, os camponeses continuam lutando para que o local seja transformado num Centro de Ensino e Pesquisa em Agroecologia. E para que a empresa pague a multa de R$ 1 milhão, aplicada pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), por não possuir licenças ambientais para realizar experimentos com transgênicos dentro da zona de amortecimento do Parque Nacional do Iguaçu.


 


Os camponeses também denunciam que a Syngenta destruiu o bosque, com cerca de 3.000 mil mudas de árvores nativas, plantada para recuperar a biodiversidade no local. Diante das ameaças, a Via Campesina enviou denúncia a Polícia Federal, Ouvidoria Agrária Nacional e Estadual e à Secretaria de Segurança Pública do Paraná.


 


Os camponeses exigem providências para garantir a segurança das famílias que vivem no assentamento Olga Benário e dos demais trabalhadores rurais sem terra da região de Cascavel, que constantemente vêm sofrem ameaças da SRO. Elas também querem a investigação para apurar a contratação de milícias privadas na região, a apuração na relação entre a multinacional Syngenta e a SRO na contratação de milícias privadas e investigação das armas utilizadas pelos pistoleiros para intimidar os trabalhadores rurais assentados na área ao lado da estação experimental da empresa.